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A Rosa do Amor

Bernardo era um garoto esperto e cheio de vida. Seus pais sempre tinham dele respostas bem convincentes e perspicazes. Na escola, todas as vezes que havia desenvolvimento de trabalho em grupo, se tornava o líder e o representante do mesmo. 


Bernardo era alguém com uma imaginação muito fértil e que possuía uma visão bastante bela sobre a vida. Apreciava os dias de sol, pois podia brincar, mas também, os dias de chuva, pois gostava de olhar pela janela de seu quarto, observando as folhas das árvores se moviam ao receberem cada toque, de cada gota de chuva. Era belo notar o vazio quando chovia, pois todos se abrigavam e davam espaço para a natureza.


Certo dia, enquanto voltava da escola, Bernardo se encanta com uma belíssima rosa que lhe chama a atenção no jardim de uma certa residência. Como o jardim não era seu, não conseguia se aproximar mais. Havia um portão, bem como grades que protegiam toda a casa. Então, sem ter muito o que fazer, volta para sua casa.


Era noite de sexta-feira. Bernardo, inquieto, não conseguia tirar a linda imagem da rosa de sua mente. Desejava conseguir ir até lá para poder vê-la de perto, porém, só voltaria à escola na segunda-feira! Ele vai dormir, mas com um plano.


Todos os finais de semana ele, sua irmã e seus pais saíam para passear no parque, então, ele sugeriu que, dessa vez, eles pudessem fazer o caminho que ele iria indicar. Os pais concordaram e eles saíram. Na esperança de que seus pais pudessem intervir juntamente ao morador da casa, ele os levou a passarem em frente àquele jardim. Ao ver novamente a  rosa, ele exclama aos pais: “Olhem!”. Os pais e sua irmã olham rapidamente e observam a beleza daquela rosa.


– Não seria possível que eu fosse até lá dentro para vê-la de perto, pai? – pergunta Bernardo.


– Não, filho. Nossos planos são outros por agora. Você conhece o morador daqui? – indaga o pai.


Bernardo baixa sua cabeça e diz: “Infelizmente não. Achei que poderíamos conversar com ele para que nos permitisse entrar.”


– Talvez pudéssemos entrar, se você já o conhecesse, mas como não o conhece, é possível que gastemos muito tempo só para que você possa ir até lá vê-la de perto.


Eles seguem em frente para realizarem seu passeio ao parque, que dura até o início da noite. Eles voltam para casa e Bernardo, exausto, se prepara para dormir, desta vez, sem um plano.


Ao acordar no dia seguinte, ele resolve ir sozinho à residência. Chegando lá, verifica se a rosa ainda está tão bela como antes. Ela estava mais bela do que nunca! Pela sua beleza, ele toma fôlego e coragem e toca a campainha daquela casa misteriosa. Ele ouve alguém dizer: “Só um momento”, o que faz seu coração acelerar. Quem seria o dono, ou a dona da rosa?


Uma senhora de, aproximadamente sessenta anos de idade, ainda com seu avental de cozinha, se aproxima e pergunta suavemente para Bernardo: “Olá, menino. o que deseja?”. Bernardo então explica sobre suas diversas passagens pela frente de sua casa e que tinha notado a beleza daquela rosa. Explicou à senhora de seu desejo e suas tentativas de tentar chegar até ela anteriormente, porém, sem sucesso.


A senhora, com tamanha admiração pela verdade e doçura de Bernardo, o convida a entrar para ver sua rosa de perto.


– Ela é, realmente, linda! Ainda mais linda de perto – diz Bernardo.


– Me diga, garoto, o que o faz admirar tanto esta rosa? – pergunta a senhora.


– Estou acostumado a observar a natureza, as flores e outras coisas, mas nunca vi uma rosa tão grande, tão vermelha e robusta como esta! É incrível!


– Muito bem. Me diga, gostaria de ter uma assim perto de você? Gostaria que eu lhe desse esta daqui? – indaga a senhora.


– Claro! Seria uma felicidade imensa para mim! A senhora faria isso por mim? – pergunta Bernardo, em frenesi total.


– Claro que faria, garoto. Mas, tem um porém.


– Qual seria ele, senhora? – pergunta receoso.


– Lembre-se: a partir do momento que eu lhe der essa rosa, ela começará a murchar. Toda a sua vitalidade, cores e beleza começarão a morrer. Ainda assim, desejaria tê-la para si?


Bernardo reflete. Então, percebe o quão egoísta foi sua resposta e atitude. Não havia parado para analisar suas ações, porém agora, consciente, ele diz:


– Me perdoe, senhora. A senhora realmente tem razão. Não quero que essa linda rosa venha a morrer antes de seu próprio tempo. Não desejo abreviar sua vida.


A senhora sorri levemente para Bernardo e diz:


– Parabéns, essa é a maior lição sobre o amor, meu garoto. Você provou amar, realmente, a esta rosa. Não a quis possuí-la, pois prefere que a mesma continue plena e feliz. Abdicou de tê-la ao seu lado, libertando-a de seu egoísmo. Só sabemos que realmente amamos a algo ou alguém, quando estamos dispostos a libertá-lo, a qualquer momento. Fico feliz que possamos continuar amando esta rosa juntos! Aceita um chá?

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