Em uma cidade da antiga França, havia um arqueólogo muito sábio chamado Charles.
Charles lecionava em uma Universidade parisiense e era muito admirado por seus alunos. Em uma de suas turmas, no período de Trabalho de Conclusão de Curso, ele orientava a todos em uma busca que empreendiam para a realização devida do TCC.
Havia quase um ano e meio que as buscas iniciaram e os processos, métodos e conclusões, anotados e muito bem documentados.
Há poucos meses da apresentação do TCC, os alunos já estavam ansiosos e muito preocupados. Não havia nada que estivesse atrasado, porém, de fato, aquilo que esperavam encontrar, ainda não haviam descoberto em suas explorações.
Charles sempre incentivava seus alunos, pois realmente via muito entusiasmo neles. Rodrigo, o líder das escavações, chegou a desabafar com seu professor:
— Professor, estou exausto! Procuramos por tanto tempo naquelas terras e não conseguimos encontrar nada que correspondesse às expectativas que tínhamos. Estamos todos preocupados com a data de apresentação do TTC e com o fato de não termos concluído a tarefa devidamente. Por favor, me dê alguma orientação.
Charles pensou um pouco e perguntou:
— Como chegaram no entendimento de que ali havia alguma coisa?
— Pelas coisas que nos falou, concluímos que houvesse. Todos os estudos nos mostraram que ali havia uma grande descoberta!
O professor sorri e diz:
— Se todos acreditam que há algo ali, com certeza vão encontrar. Não se preocupe.
Rodrigo então o agradece e continua, juntamente com os outros amigos, a sua busca.
Os dias se passam, os alunos terminam as suas buscas e o derradeiro dia de apresentação dos trabalhos, se inicia. Os alunos estão tensos, pois entendiam não terem feito a descoberta devida. Tentaram falar com Charles, mas ele estava inacessível naquele dia.
Apesar das notórias preocupações com as adversidades, a turma vai muito bem e termina sua apresentação de forma sublime!
Os alunos, felizes por terem tido êxito na apresentação, vão até Charles para agradecê-lo e todos se abraçam com grande intensidade e admiração.
Rodrigo, que fora o líder da turma nas explorações, ainda se encontra um tanto triste por não terem conseguido descobrir alguma coisa nas explorações. O professor o chama e pergunta:
— Rodrigo, meu caro. Tanto sucesso e felicidade estamos vivenciando hoje. Me parece um tanto triste, ou mesmo decepcionado. O que houve?
— Professor, o senhor, mais do que ninguém, sabe que é muito frustrante não encontrar algo que se procura, ainda assim, tendo toda a estrutura possível. Por que me disse que encontraríamos algo, mesmo sabendo que não encontraríamos?
Todos os alunos se reúnem, em silêncio, ao redor dos dois e o professor responde:
— Rodrigo, minha função é prepará-los para a realidade, não para a expectativa dela. É certo que vão encontrar desafios como esse em campo e é claro que irão trabalhar muito e, às vezes, não encontrar nada. Mas, essa será minha última lição para vocês: quando disse que encontrariam algo, pode não terem percebido, mas encontraram.
— Como assim? Não entendi. — Indaga Rodrigo.
Charles olha nos olhos de cada um, enquanto fala:
“O que encontraram foi a experiência, a convivência, o trabalho em equipe, o altruísmo e a união. Essas são virtudes mais valiosas do que quaisquer outras que possam ser encontradas embaixo da terra, pois elas emergem do ser.
Nunca devemos desanimar durante a nossa busca, pois, por mais que não possamos ver o quanto estamos agregando em nós mesmos, o fazemos. No término do processo, de toda e qualquer jornada que empreendermos, seremos sempre maiores no fim, do que no início dela. Assim como deixamos para comer o que mais gostamos no final, também a vida nos reserva o que há de melhor. Devemos aprender a saborear, aproveitar a cada momento.
Esta é a minha última lição para cada um de vocês. Muito obrigado pela honra de lecionar a vocês. Parabéns! O curso agora está concluído!”