O Museu egípcio I
Este presente artigo é continuação do segundo, intitulado Minha Ida ao Egito II (clique aqui para conferi-lo).
Estávamos em nossa caminhada de volta ao Platô, e vimos algumas visões muito interessantes do deserto e resolvemos tirar algumas fotos. Em uma determinada parte da caminhada, pudemos avistar as três pirâmides e também fizemos questão de registrar.
Estava frio e o vento era forte naquele inverno. Ao voltarmos ao Platô, vimos que o horário já se fazia muito avançado, pois, como dizemos antes, toda a parte comercial local no Egito fecha, religiosa e culturalmente, às 16h (se não houver horário-de-verão). Sendo assim, não teríamos mais tempo para avançarmos e explorarmos as outras duas pirâmides de Quéfren e Miquerinos.
Decidimos voltar e comer alguma coisa, já que essa refeição seria a segunda e última do dia, o que iria se repetir ao longo de toda a viagem. Os portões começaram a se fechar, assim que passamos por eles.
Como já dissemos, é muito perigoso comer algo no Egito sem saber a procedência do alimento. Considerando isso, conversamos sobre a opção de encontrarmos algum lugar, alguma lanchonete ou rede de fast-food que fosse-nos conhecida.
Ao descermos do platô e sairmos de lá, à frente, notamos uma franquia Pizza Hut, lugar onde faríamos nossas refeições noturnas, a partir de agora. A franquia era uma exceção no horário de funcionamento, então, conseguíamos comer após o horário de fechamento padrão do comércio local. Para mim, que sou vegetariano, tinha a felicidade de poder escolher sabores que já conhecia e que não continham nenhum tipo de carne.
Após comermos, voltamos ao hotel para nos recuperarmos para o próximo dia que viria. Ao sermos recebidos pelos donos, conversamos acerca da possibilidade de contratarmos algum guia para nos levar até o Cairo, para algum roteiro turístico e, então, após alguns contatos, a nossa ida até o Cairo, estava confirmada.
No dia seguinte, tomamos nosso café da manhã e descemos para esperarmos o guia. Enquanto esperávamos, conversávamos bastante com os donos do hotel. Eles tinham bastante senso de humor e simpatia. Partilhamos sobre as impressões que nós tínhamos, uns, sobre os outros e isso foi de uma riqueza inestimável.
O guia e o motorista chegaram, nos cumprimentaram e, então, partimos. Enquanto estávamos indo em direção ao Cairo, observávamos os ambientes em tons de sépia, os carros quase sempre com alguma marca de arranhão, ou batida e o trânsito, que é bem caótico em alguns pontos!
Um de nossos destinos iniciais era o Museu Egípcio, onde passaríamos uma boa parte de nosso tempo aprendendo sobre a história, arqueologia e egiptologia.
Chegamos ao museu. Na época, o ingresso valia E£ 200,00 (Libras Egípcias). Quando chegamos no museu, nos informaram que, se quiséssemos utilizar uma câmera fotográfica lá dentro, teríamos de pagar uma pequena taxa de E£ 50,00.
O primeiro artefato que nos deparamos foi a plataforma de mumificação. A mumificação era realizada para conservar o corpo e os órgãos daquele que havia falecido, para o "Pós-Vida". Os sacerdotes colocavam o corpo sobre ela, faziam um corte abdominal e retiravam, por ele, todos os órgãos internos da cavidade torácica e abdominal, exceto o coração, para que, deles, escoasse todos os líquidos. Os líquidos passavam por um pequeno orifício que ficava próximo à cabeça do corpo e eram represados em uma "bacia", acoplada à plataforma.
Pelo que foi concluído até agora, o processo inteiro de mumificação durava setenta dias. Durante os trinta primeiros dias, o corpo e os órgãos eram submetidos a algumas salmouras e natrão, para que todos os resíduos aquosos fossem secos completamente. Após esse período, preenchiam-no com palhas secas e envolviam-no com faixas de linho, a fim de que pudesse manter sua forma original. As faixas eram colocadas a partir das extremidades para o centro.
Os órgãos eram submetidos, igualmente, à mumificação, para que estivessem, assim como o próprio corpo, disponíveis e conservados para que o falecido tivesse como ressuscitar, naquilo que os egípcios chamavam de "Pós-Vida". Para isso, seu coração deveria ser levado por Anúbis, deus protetor e guia dos mortos, para o julgamento-final, no Tribunal de Osíris, que iria pesá-lo e compará-lo com o peso de uma pena. Por esse motivo, não se retirava o coração do corpo, no processo de mumificação.
Se o coração fosse mais pesado do que a pena, o morto não teria direito a ingressar no Pós-Vida, ou vida eterna; caso o contrário ocorresse, o mesmo iria ser regenerado com todos os seus bens, órgãos e corpo intactos no Pós-Vida. Por essa razão, reis, faraós e servos de confiança, em sua maioria, eram mumificados e tinham suas próprias tumbas com vários bens depositados nelas.
No próximo artigo (clique aqui para ler), continuaremos nossa jornada pelo museu egípcio, trazendo algumas outras curiosidades e informações bem importantes sobre as outras peças em exposição no Museu Egípcio do Cairo.
A intenção desta sequência de artigos não é fazer uma abordagem considerando os aspectos culturais, técnicos e arqueológicos da egiptologia, mas sim, levar ao leitor uma visão das minhas próprias experiências e observações obtidas em solo egípcio. Pretendo, porém, escrever um artigo mais primoroso no futuro, abordando as visões consolidadas (da ciência; da arqueologia; da egiptologia; do esoterismo e da espiritualidade), sobre o Egito.