Um certo dia, ao voltar da escola, Arthur, mente para seus pais dizendo que havia feito todas as lições de casa, já durante a aula. Seus pais ficam felizes por isso e, então, o deixam brincar com seus amigos.
Arthur viu que sua estratégia havia dado certo e entendeu que estava agindo com inteligência. Sendo assim, na semana seguinte, já não fez nenhuma atividade em sala e ficou, ao invés disso, lendo uma história em quadrinhos que pegara emprestado com um de seus amigos. A motivação de Arthur em ir à escola era tamanha, já que poderia fazer, ou não fazer, o que quisesse, utilizando-se de algumas “pequenas mentiras”.
No fechamento das notas do mês, quando sua professora pede seu caderno para avaliar, percebe que muitas das lições estavam ausentes dali. Então, ela escreve um pequeno bilhete para seus pais, em seu caderno, para que eles pudessem entrar em contato com ela. O bilhete também solicitava a assinatura de ciência dos mesmos.
Arthur, lembrando-se da última vez em que enganara seus pais, temendo as consequências de suas mentiras anteriores, resolveu falsificar a assinatura de sua mãe e levar o bilhete para a professora, que o recebeu com certa desconfiança. Ao perguntar sobre quando seus pais pretendiam entrar em contato com ela, Arthur, lhe responde que seria dali a três dias.
Três dias se passaram e os pais de Arthur não ligaram para a professora, então, ela resolve comunicá-los por telefone. Eles surpreendem-se com a atitude de seu filho e começam a pensar em como abordá-lo para conversarem sobre isso. Após decidirem, os pais combinam com a professora de que iriam ausentá-lo das aulas por três dias.
Ao chegar da escola, os pais tratam Arthur com naturalidade. No dia seguinte, eles lhe falaram para não ir à escola, pois haviam sido comunicados de que não teria aula. Arthur estranha esse comunicado, mas fica em casa. Ao pedir para sua mãe para brincar lá fora, ela nega, dizendo que ele deveria aproveitar para arrumar seu quarto, já que estava com tempo livre. Ele fica chateado, mas resolve obedecer.
Quando o pai de Arthur chega, lhe diz que não haveria aula no dia seguinte, novamente. O garoto fica enfurecido e começa a duvidar dos pais, mas, já era sexta-feira e ele deveria voltar na segunda, o que já o tranquilizava um pouco, pois adorava ler aquelas histórias em quadrinhos e brincar com seus amigos.
O final de semana acaba e, mais uma vez, os pais de Arthur lhe dizem que não haverá aula para ele. Ele não acredita! Enfurecido, começa a discutir com os pais e acusá-los de estarem mentindo para ele: “Impossível que não tenha aula! Eu mesmo vi alguns alunos passarem pela rua e estavam uniformizados! Vocês estão mentindo para mim!”
Os pais olharam-se e, então, começaram a abordar o garoto dizendo:
— Nós estamos mentindo para você?
— Sim — disse Arthur.
O pai começa, calmamente, a conversar:
— E por qual motivo estaríamos mentindo? Por que precisaríamos fazer isso?
Arthur, ainda furioso, responde:
— Porque vocês querem me controlar! Não querem que eu possa brincar e ver meus amigos!!
Então, o pai de Arthur, faz uma pergunta muito sábia:
— Nós o avisamos que não teriam aulas, não que não poderia brincar, ou ver seus amigos. Me diga, filho, ir para a escola, para você, significa somente brincar e ver seus amigos? Esse é o motivo real pelo qual você vai à escola?
Arthur percebe que havia falado demais e responde, de forma balbuciante, para seu pai:
— Não.. Não, é claro que não… é que… eu acabo tendo esse contato com eles e brinco depois das lições…
Seu pai, revela:
— Entendo… Mas, nós mentimos para você. As aulas ocorreram normalmente.
O garoto se enfurece e, em tom totalmente acusativo, diz:
— Eu sabia! Vocês são muito mentirosos! Mentem para mim, me impedem de ir até a escola, de sair para brincar! Vocês são maus! Por que fizeram isso comigo?
O pai diz:
— Mentimos, admitimos. Mas, nós, ao menos, estamos sendo verdadeiros com você…
Ao dizer essas palavras, Arthur, muda seu comportamento novamente, ao se sentir chocado com a possibilidade de seus pais estarem cientes de suas mentiras, das quais, agora, lembrara.
O pai do garoto continua:
— Na verdade, nós acordamos com sua professora em ausentá-lo por três dias da escola, após todas as mentiras que nos contou, bem como à ela, igualmente.
O garoto começa a chorar contidamente e, seu pai, prossegue:
— Você deverá passar todas as lições a limpo, desde o tempo que deixou de fazê-las, até o dia de hoje, quando acaba sua suspensão.
O garoto diz:
— São muitas lições! Eu não terei tempo para nada! Isso é injusto! Tenho de fazer todas as lições que vocês mesmos me impediram de fazer!
— Não há qualquer injustiça, filho: quando se busca a verdade, deve-se ser verdadeiro. Mentimos para que você pudesse entender que a mentira gera mentira e que a confiança obtida ao custo de muito tempo, pode ser perdida em, apenas, alguns segundos. Somos seus pais e o amamos e, por isso, estamos tendo essa conversa.
Arthur, começa a chorar de forma intensa e então diz:
— Desculpe, meu pai. Desculpe minha mãe, eu os amo e não quero mais mentir para vocês. Eu quero que confiem em mim, por isso, vou mudar.
No dia seguinte, Arthur vai até a escola e pede, por sua própria consciência, desculpas à professora, que lhe abraça e perdoa.