Há milhões de anos atrás o Sol já iluminava todos os planetas. Alguns milênios depois, a Lua foi trazida ao sistema para equilibrar os movimentos da Terra. O Sol lhe deu as boas-vindas e a Lua o agradeceu.
A Lua tinha grandes ciúmes do Sol e o invejava por ele ser tão grandioso, quente e autoiluminado. Certa vez ela iniciou uma competição: pretendia seguir o Sol, o mais rápido que pudesse, para conseguir alcançá-lo.
A Lua movimentava-se rapidamente, mantendo seu foco em alcançar o Sol. O Sol, por sua vez, continuava seu movimento sem se perturbar, sendo o mesmo de sempre. A Lua se esforçava cada vez mais e se aproximava dele.
Passado algum tempo, a Lua o alcança e fica de frente ao Sol! Um eclipse se concretiza na Terra! Sua felicidade era notável! Então, ela diz:
— Há tempos eu o invejo por ser o maior e o mais brilhante astro do sistema. Mas, hoje, eu o alcancei, provando que sou igual a você!
O Sol, mesmo com toda a sua imponência, diz:
— Parabéns, Lua, por ter me alcançado. Mas, não entendo porque precisava provar que somos iguais.
Acompanhando o movimento do Sol e de frente a ele, ela diz:
— Sempre que eu o via, sentia ciúmes de você. Me sentia pequena e incapaz de algo grandioso, assim como você. Então, me esforcei para chegar até você, te alcançar e, enfim, provar que somos iguais.
O Sol lhe diz:
— Entendo... Mas, para mim, você não precisava provar isso. Acredito que tenha provado só para você.
A Lua, enfurecida, rebate:
— Mesmo eu chegando até aqui, você quer me dar sermão, dizendo que "para mim não precisava"? Cansei, você é muito arrogante.
O Sol, com toda a paciência, lhe explica:
— Veja, para mim, sempre fomos iguais. Temos nomes e funções diferentes, mas somos responsáveis, igualmente, pela manutenção da vida na Terra e, consequentemente, de todo este sistema.
A Lua, sem entender, pede explicações:
— De qual forma eu posso ser responsável pela manutenção da vida na Terra? Quem dirá do sistema todo?! Vejo você iluminando este planeta gigantesco; vejo que as plantas só crescem por sua causa. O que eu faço além de olhar para você, constantemente?
O Sol lhe responde:
— Não percebe que sem o seu movimento, a Terra não se manteria na órbita atual? Não percebe que as estações do ano, os ciclos das marés, bem como a luz natural noturna só se fazem possíveis pela sua existência? Tantas outras coisas se tornam possíveis por sua existência... Peço que reflita um pouco.
A Lua voltou-se para a Terra e começou a perceber quantas coisas estava realizando por ela. Então, perguntou ao Sol:
— Mas, não entendo, como eu poderia ter realizado tudo isso, se eu não tirava meus olhos de você?
Então, o Sol, brilhantemente, lhe responde:
— Enquanto eu iluminava o dia da Terra, você refletia o meu brilho em suas noites escuras. Por isso, lhe agradeço por olhar para mim, pois é através da sua posição orientada em minha direção, que isso se torna possível. Com o seu movimento, à sua maneira, Lua, você contribui com aquilo que eu não posso contribuir.
Então, a Lua dirige-se novamente ao Sol:
— Peço-lhe desculpas, Sol, por minhas atitudes. Entendo que eu também possa contribuir com a vida na Terra, mas você ainda é muito maior que eu, como eu poderia acreditar que sejamos iguais?
O Sol lhe responde:
— Se pudesse ir agora à Terra, veria que as pessoas estariam experimentando um eclipse solar. Esse eclipse se dá justamente quando você, Lua, passa lentamente pela minha frente, encobrindo a minha luz, fazendo com que o dia da Terra, se torne noite. As pessoas que nos observam de lá estão nos enxergando exatamente do mesmo tamanho agora e você ainda ganha uma coroa! Ainda acha que não somos semelhantes?
A partir deste momento, a Lua agradeceu ao Sol, voltou ao seu movimento natural e o eclipse solar se encerrou. Ainda hoje, após milênios, o Sol e a Lua, de vez em quando, ainda tiram um tempinho para conversarem.