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A Chuva

Um menino, ao perceber a chuva que caía, bem como a impossibilidade de brincar na rua, reclamou ao seu pai:


— Pai, o senhor nunca pode brincar comigo porque está sempre trabalhando, mas no dia em que está de folga e poderia brincar comigo, chove! Isso não é justo!


O pai, percebendo que seu filho tinha alguma razão, diz:


— É verdade, filho. Em partes, você está certo. Eu realmente estou trabalhando muito, contudo gostaria de ter mais tempo livre com você.


O filho, ainda bem chateado, diz:


— Em partes? Em qual parte eu não estou?


O pai, calmamente, lhe responde:


— Você reclamou da chuva, é nessa parte que não está correto.


Então, o filho lhe perguntou o porquê de não estar correto, ao que o pai continuou dizendo-lhe:


— Como podemos reclamar de algo tão belo? A água que cai do céu... Dizem que "as coisas não caem do céu", mas a chuva cai. A água que cai do céu é, por si só, um verdadeiro milagre, filho.


Então, o menino diz:


— Entendo, pai, contudo isso não muda o fato de ser injusto! Logo hoje que poderíamos brincar, não poderemos porque está chovendo!


O pai lhe sugere:


— Ao invés de reclamarmos por não termos como realizar uma determinada brincadeira, por que não criamos uma brincadeira nova? Esse não seria um desafio interessante? 


O menino pensa um pouco e diz:


— Sim, mas aqui dentro?


Então, o pai lhe dirige um grande ensinamento:


— Sim, filho. Em suma, quero que lembre-se desse dia por toda a sua vida: quando, lá fora, a tempestade bater, saiba que o lugar mais seguro é do lado de dentro. É também do lado de dentro onde você encontrará os recursos necessários para adaptar-se. Sendo assim, filho, procure conhecer muito bem dentro, para que as coisas lá de fora não lhe façam desistir e reclamar.


O filho permanece pensativo, ao que o pai lhe sorri e eles começam uma nova brincadeira...


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