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Deus

Deus existe? Se sim, como Ele seria, já que ninguém nunca o vira? Se não, como todas as coisas foram geradas com tamanha perfeição e inteligência? Não importa a época, a humanidade sempre se questionou sobre isso e muito ainda se discute acerca de tal tema. A intenção deste artigo não é a de atacar, ou defender qualquer ponto de vista, mas sim, agregar um pouco mais de conhecimento ao tema, de forma a dissolver o ódio, ou as divergências sobre o assunto.


Deus existe?


Quando fazemos essa pergunta para alguém, ou a recebemos, imediatamente começamos a ponderar valores religiosos ou científicos, dependendo do contexto discutido. Para essa pergunta, infelizmente, é difícil se ter uma resposta que contemple as diversas variáveis envolvidas.


Qualquer que seja a resposta sobre a existência de Deus, sempre dará margem a uma réplica, tréplica, ou qualquer outra consideração baseada em algum outro conceito relacionado ao tema. Essa não é uma pergunta com uma única resposta. Há quem diga que exista, há quem diga que não, e ainda há aquele que diga que não existe somente um!


Independente de qualquer coisa, perguntar sobre a existência de Deus, quase nunca considera a aceitação da resposta recebida como cabal. Sempre há algum tipo de interação estabelecida entre as pessoas que discutem sobre o tema, indicando contraposições, ou complementos a serem analisados.


Mas, de fato, existiria um criador responsável por toda a vida no Universo e pelo nascimento do mesmo?

Indícios históricos


Independente da linha que utilizemos, seja ela religiosa, científica, teológica, filosófica, ou outra, sempre nos baseamos em evidências, ou indícios. Esses indícios podem ser obtidos através da literatura dos povos antigos, considerando uma abordagem mais cultural e histórica, mas também pela observação empírica e científica.


Já foi dito pela antropologia que o ser humano tem uma necessidade inata de acreditar em uma inteligência maior, em algum criador, ou algo semelhante. Mas, a pergunta que fica é: por que isso se desenvolve naturalmente? A resposta talvez possa ser mais lógica do que aparenta, considerando o fato de que todos os seres derivam de outros, logo, os primeiros humanos deveriam ter vindo de alguém.


Porém, saindo da suposta noção lógica de se possuir um criador, vamos nos remeter às incríveis semelhanças das escrituras antigas, oriundas de partes longínquas da Terra, quando a humanidade ainda não possuía desenvolvimento tecnológico suficiente para criar meios de transporte que cobrissem longas distâncias. Como seriam possíveis tamanhas congruências entre elas, sendo que os povos não tinham contato entre si?


Considerações científicas


Em algumas análises científicas se é questionado se o Universo seria determinista, ou estocástico. Em suma, no modelo determinista todos os eventos são calculados e, portanto, nada ocorre aleatoriamente. No modelo estocástico, temos a afirmação inversa, considerando que os eventos ocorridos e correntes no Universo sejam de origem aleatória.


Na Grécia antiga tínhamos o conceito de Káos e Kósmos. A palavra Káos significa "desordem", o que poderia corroborar com o modelo científico estocástico, da aleatoriedade. Já a palavra Kósmos significa "ordem", se tornando mais semelhante ao conceito determinista do Universo, que no ocidente também é referido como cosmo.


Independente de definirmos se o Universo ocorre de forma aleatória ou calculada, uma coisa é certa: ele existe. Só Deus poderia criá-lo da forma como é, certo? Segundo o método científico, considera-se uma teoria e testa-se a mesma. Após uma certa análise dos resultados, se valida, ou invalida a teoria. Caso ela seja validada, se prova verdadeira, caso o contrário, é descartada.


Até o momento a ciência não conseguiu provar a existência de Deus, o que talvez nunca fará em seus moldes atuais e, por isso, descarta tal teoria sobre sua existência. Mas, mesmo que não consiga fazê-lo, muitas coisas ainda continuam sem explicação.

Padrões observados


Sabemos que existem diversos padrões no Universo. Esses padrões só poderiam ter sido estabelecidos se houvesse uma inteligência por trás dos mesmos. Uma das maiores descobertas da antiguidade, e que é empregada até os dias atuais, se chama Proporção Áurea, ou o número Phi (de Phideas, o escultor), que é igual a 1,618.


Se observarmos o corpo humano, perceberemos diversos padrões que constatam tal proporção: a divisão da altura da parte inferior do corpo até o umbigo, pela parte superior acima do umbigo; das falanges dos dedos; das partes dos braços etc. Todo o corpo segue a mesma razão e dessa constatação, surgiu a obra de Da Vinci, O Homem Vitruviano, que obedecia  a Proporção Áurea. Era comum que, em suas obras, os artistas se utilizassem desse conhecimento.



Se fizermos uma sequência de retângulos que obedeçam a tal razão, encaixando-se pelas extremidades imediatas do retângulo anterior, obteremos a chamada Espiral Dourada, ou Retângulo de Ouro, de Euclides. Essa espiral pode ser vista em várias partes na natureza, desde o desabrochar de uma rosa, passando pela formação de conchas, indo até os vórtices temidos de tornados ferozes.


Em outro caso, podemos observar a perfeição em que os planetas se colocam a girar em torno de si mesmos, seguindo uma órbita específica, que os impede de se chocarem uns contra os outros. É óbvio que estamos falando de forma simplória, sem citar forças como gravitação, magnetismo, empuxo, arrasto etc., porém a intenção é fazer com que observemos a inteligência e o equilíbrio existente em tudo isso.


Visão ocidental de Deus


Mas, vamos voltar a falar sobre Deus. Na visão ocidental é dito que "Ele nos fez à sua imagem e semelhança". Vemos nas escrituras sagradas das religiões ocidentais, que Deus seria um ser Onipotente (detém todos os poderes), Onisciente (que conhece a tudo) e Onipresente (presente em todos os lugares ao mesmo tempo).


A imagem que se tem desse Deus é a de um senhor branco e idoso com barbas grandes e brancas, vestido em túnica branca, sentado em um grande trono no céu. De lá, ele visualizaria toda a Terra e controlaria tudo. Ele seria bondoso e amoroso, mas, ao mesmo tempo, também seria um juiz que julgaria os atos de cada ser e os mandaria para o céu, caso fossem bons, ou para o inferno, caso não.


Essa visão é importada a partir de tradições judaico-cristãs, mas existem outras visões de Deus, como: Nhanderuvuçú (que não tem forma antropomórfica), o deus criador supremo dos Tupis-Guaranis; o deus Rá, o Sol, dos egípcios; o deus das religiões afro-brasileiras, como o Candomblé e a Umbanda, Olorum; e o Deus Odin, dos Vikings. Existem muitas outras formas de representação de um Deus criador no ocidente, mas falamos das principais.


Visão oriental de Deus


No oriente, nem todas as linhas religiosas ou doutrinárias, consideram a existência de um Deus, por definição. Para a visão oriental o princípio criador, ou o Deus criador, está "abraçando" a tudo o que existe, desde a menor subpartícula atômica, até as grandiosas estrelas encontradas no Universo.


Na visão taoísta, o Tao, não tem uma definição. Ele seria o princípio criador, mas não pode ser contextualizado como um Deus, animal, ser humano, ou como qualquer outra coisa, já que ele gera constantemente a tudo e não estaria limitado a uma forma específica. Essa visão é a mesma do confucionismo, que é bem similar à doutrina zen-budista que  não tenta definir como seria esse princípio criador, por considerar tal atitude infrutífera.


Na religião hindu o deus criador é Brahma, já no xintoísmo, não há um deus criador, mas sim dois: Izanagi, que juntamente com sua irmã e esposa Izanami, criaram tudo o que existe, incluindo os outros deuses. Em ambas, existe um panteão de deidades responsáveis por alguns aspectos da vida. Nas vertentes hindus existem vários deuses com características zooantropomórficas, assim como no panteão egípcio. 


Conclusão


Devemos considerar que este artigo não tem a intenção de colocar um ponto-final nessa questão acerca da existência de Deus, mas sim, de fornecer um pouco mais de conhecimento sobre o tema, bem como promover uma dissolução do ódio, ou do julgamento alheio.


Se considerarmos tudo o que vimos até agora, perceberemos que se "Deus é onipotente, onisciente e onipresente" e, ao mesmo tempo, está "abraçando" todas as coisas, como na visão oriental, ele não nos poderia ser visível diretamente. Para ilustrar tal impossibilidade, podemos imaginar que Deus seria uma grande esfera que a tudo abraça e que nós, seres humanos e todas as outras coisas existentes, estamos dentro dela, tentando enxergá-lo em "algum lugar".


Quando analisamos por este aspecto fica claro que, tanto aqueles que acreditam em sua existência, como aqueles que não acreditam, estão certos! Ou seja, em um nível sensível Deus existe, porém, em um nível tangível, ele não existe. Uma célula nunca poderia enxergar por completo o corpo no qual ela reside, mas sabe que se move através de algo.


Uma vez um amigo me perguntou: "Você acredita em Deus?", e eu disse que não. Ele se espantou e eu prossegui dizendo que eu não acreditava, porque já sabia de sua existência. Então, lhe fiz a seguinte pergunta: Você sabe que dois mais dois é igual a quatro, ou só acredita? Então, ele sorriu e entendeu o que eu quis lhe dizer…


Fazemos Deus à nossa imagem e semelhança, e não o contrário! Limitamos algo que não entendemos a uma palavra; a uma definição e formato. A presunção humana é tão grande que faz com que nos distanciemos, cada vez mais, da verdade. Esquecemos que, se Deus é tudo o que existe, qualquer definição que lhe seja dada, excluirá todas as outras possibilidades.


Os ateus e agnósticos, bem como aqueles que acreditam em Deus poderiam unir forças e fazerem discussões saudáveis e mais profundas acerca desse tema. É impressionante o poder do diálogo no aprendizado que podemos ter e é ainda mais absurdo quantas coisas deixamos de aprender, quando estamos buscando somente a defesa de nossa opinião, vulgo ego.


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