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Efeito Gangorra

Muitas vezes, a nossa vida parece ter uma sucessão de altos e baixos, o que pode acabar frustrando-nos, fazendo-nos desperdiçar energia em reclamações e lamentações, bem como na culpabilidade a algo, ou a alguém, quando não temos êxito em alguma de nossas empreitadas. É um fato que queiramos sempre “estar por cima”, buscando o topo, a perfeição, porém, na vida prática, isso não funciona bem assim. Será que existe alguma forma de conviver com as oscilações da vida?


Ao passar por um desses parquinhos de diversões infantis, em uma praça na Zona Leste de São Paulo, pude ver ali algumas crianças brincando, sorrindo, enfim, se divertindo. De repente, me ative a uma cena onde duas delas estavam em uma gangorra. Claro que aquilo era somente um brinquedo comum, porém, tive um insight ao observar tal momento, quando vi o quanto nossa vida se assemelha a uma gangorra, cheia de altos e baixos.


Considerando que possamos estar em uma gangorra, se formos o lado mais pesado, consequentemente, estaremos estagnados e presos ao chão; caso contrário, estaremos, ainda estagnados, porém mais elevados, devido a sermos mais leves. Mas, o que podemos tirar de lição disso?


Se formos traduzir o “peso”, como “energia gasta”, ou mesmo como “força”, perceberemos que, quanto mais força, peso e energia empregarmos para realizarmos algo, mais presos ao chão ficaremos. Essa conclusão, apesar de lógica e análoga a uma simples brincadeira, nos faz lembrar de quando ficávamos no chão! O que não era bom. Assim é na vida, pois cada um deseja ser melhor, não em comparação a si mesmo, e sim, a outrem. 


Na gangorra temos a tendência de querermos estar no alto, vendo as coisas de cima, apreciando tudo ao nosso redor, enquanto alguém nos ergue. Mas, será que percebemos que, se estivermos no alto, estamos dependendo de alguém? Será que percebemos que não estamos com os pés no chão e que estamos estagnados?!


Embaixo, ficamos frustrados ao vermos que estamos sendo utilizados para a manutenção da ascensão alheia - que exagero, né? - mas, no fundo, é isso mesmo. Ao vermos o lado mais alto, desejamos estar ali e, por mais que troquemos de lado com nosso amigo, não iremos sair do chão! O lado não é relevante, mas sim, quem senta nele. Isso nos faz pensar… 


Enquanto estamos no chão, será que percebemos as verdadeiras causas de estarmos ali e empregamos as nossas energias na solução correta, ou só lamentamos e reclamamos daquele que se encontra no alto, desperdiçando ainda mais nossas energias? 


Não há como fugir. Naturalmente, a vida é cheia de oscilações, de altos e baixos. O equilíbrio verdadeiro se dá pelo movimento, pelo oscilar da esquerda para a direita, de cima para baixo. Assim como o lado da gangorra: nos sentamos em qualquer um dos lados e, se formos mais leves ou pesados do que o outro, mudar de lado não afetará o resultado.


Qualquer posição que busquemos, qualquer tipo de “estabilidade”, nos fará estagnar. Buscar a manutenção de algum estado é também se limitar, mantendo-se no mesmo ponto do caminho. A vida não é estagnação, é movimento. Nem mesmo o Sol nasce e se põe nos mesmos pontos todos os dias! Devemos entender como funciona o fluxo natural da vida e suas oscilações, pois aí sim, saberemos empregar nossas energias de forma correta. E como fazer isso?


A única forma existente é o equilíbrio.


Na gangorra, se o mais pesado sentar-se mais próximo ao eixo, o seu peso diminuirá, o que o tirará do chão; já o mais leve, se aproximará mais do chão e estará, praticamente, no mesmo nível daquele mais pesado. Ambos se beneficiam para que a brincadeira ocorra de forma positiva para ambos, através de uma oscilação controlada, sendo possível o movimento! Menos força, mais equilíbrio.


Na vida devemos aprender a encontrar o ponto de equilíbrio em tudo. Devemos entender que todas as coisas sofrem oscilações. Precisamos enxergar o limite entre onde terminam os nossos esforços e começam as leis naturais. 


Inexoravelmente, sempre iremos nos deparar com determinadas situações que podem, aparentemente, fugir do resultado que esperamos, mas se entendermos que é uma questão de não usarmos a força, mas sim a nossa capacidade de mantermo-nos em equilíbrio, passaremos por todas e quaisquer adversidades.


Obrigado, crianças. Obrigado, gangorra.

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