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Meditação

Certa vez ouvi alguém comentando que não conseguia realizar meditações devido à sua mente, que não se tranquilizava. Todos nós temos uma ideia do que seria a meditação, mas nos baseamos em supostas regras que condicionam e limitam a experiência a uma espécie de tortura, quando as mesmas nos dizem que devemos “anular nossos pensamentos”. Como podemos realizar uma meditação devidamente, sem que saibamos o que é essa prática, de fato?

Os conflitos durante a meditação


Muitas vezes converso com pessoas acerca de práticas meditativas, exercícios, ou conhecimentos que promovam a aquisição de controle emocional, equilíbrio, saúde, espiritualidade, prosperidade etc. Certo dia, eu conversava sobre meditação com algumas pessoas e as trocas estavam sendo fantásticas, pois todos estavam contribuindo com aquilo que já haviam lido, presenciado, ou mesmo experimentado. 


Passado algum tempo, uma pessoa comentou que não conseguia parar para meditar. Nós então a indagamos sobre o porquê disso. Ela nos respondeu que sua mente era muito difícil de ser controlada, pois percebia que a mesma ia a diversos lugares e situações que ficaram mal-resolvidas, conflitos e contas para pagar! Rimos, juntamente com ela, mas decidimos entender como se dá esse processo todo.

os motivos


Durante a análise, fomos entendendo que o maior erro, quando se trata de meditação, se encontra justamente nas diversas informações — e desinformações — que encontramos em livros, internet, documentários etc. Existem tantas técnicas, tantas formas de se meditar, que a própria meditação se torna impraticável, devido à grande quantidade de coisas a se considerar antes e durante a realização da mesma.


Ora, se a meditação considera a paz mental como objetivo-fim de sua prática, como poderíamos atingir tal estado, se permanecemos utilizando a nossa mente para controlar todo o processo, de forma ininterrupta? Teria sentido estabelecermos uma grande atividade mental, ao mesmo tempo que tentamos minimizá-la? Isso parece ser uma prática estéril, que mais tortura e cria conflitos, do que os resolve.


Uma das regras mais conhecidas deste processo é a famosa “não pensar em nada”. Imagine a cena: você senta, coloca-se com a coluna ereta, cruza as pernas, respira profundamente, relaxa os ombros e fecha os olhos… Até agora tudo parece perfeito e, de fato está, mas por algum motivo, você acha que deve dizer “não pense em nada” … pronto! Acabou a meditação! Isso lhe soa familiar? 

aprofundando a análise


O que acabou de acontecer pode ser explicado pelo simples fato de que estamos a utilizar a mente para controlar a própria mente. Ao orientarmo-nos “não pense em nada”, naturalmente, a própria mente se agita, pois ela não sabe o que é “o nada”, para não pensar nele. Nossa razão funciona através de modelos comparativos, conhecendo os opostos e definindo certos conceitos, ideias etc. 


Quando condicionamos a meditação a uma experiência como essa, não estamos atingindo o real ideal da mesma. Tendemos a repetir diversas vezes a mesma instrução, mas a nossa mente, de forma desesperada, permanece tentando encontrar parâmetros para definir o que é “o nada”, para que consiga cumprir tal ordem. Esse não é o objetivo da meditação.
 

Para realizarmos tal prática, precisamos entender mais sobre ela, de uma forma mais precisa e sem tantos conceitos que nos limitem em nossa experiência, pois, até agora, tudo o que mais utilizamos foi a nossa mente, com toda a bagagem que carregamos conosco, até a hora de sentarmos para praticarmos. 


Meditação


A meditação é uma forma de mediarmos a nossa realidade física e a espiritual. É estarmos realizando uma ação física que nos leva ao espiritual, bem como trazendo algo do espírito até a matéria. No oitavo verso da Tábua de Esmeralda, de Hermes Trismegisto, é dito: “Sobe da terra para o Céu e desce novamente à Terra e recolhe a força das coisas superiores e inferiores.”


Se considerarmos que esse é o objetivo real da meditação, percebemos que ela vai além da questão mental, racional, pois o espiritual está além de tais condições. O espiritual só pode ser atingido, verdadeiramente, com o devido nível de sutilização das frequências cerebrais, pois o nosso estado de vigília, ou consciente, ainda é muito denso para a relação com o plano espiritual.

o relaxamento


Para a realização ideal da meditação, devemos nos colocar em estado de relaxamento, não só do corpo, mas também da mente. O problema é que não costumamos explorar muito bem esse estado em nossas vidas e, por isso, não sabemos como chegar nele tão facilmente. Para que haja um relaxamento, devemos entender que não podemos criar quaisquer expectativas de controle, principalmente, da mente.


Na prática, orientamos o nosso corpo através da mente, o que funciona muito bem, inclusive para estabelecermos o relaxamento gradual dos membros, porém, não nos damos conta de que a mente não poderia ser orientada por si mesma, pois, entraria em colapso. Porém, se observarmos o momento em que nos preparamos para a meditação, anterior à instrução do “não pense em nada”, lembraremos que estávamos relaxados.


Observando tais conclusões, podemos entender que as distrações da mente começam a ocorrer quando a instruímos a fazer algo que ela não teria como executar sem referências lógicas e que, justamente por isso, ela vai buscá-las freneticamente em nosso banco de dados pessoal de memórias, o que nos causa agitação mental. Em contrapartida a isso, quando não colocamos qualquer orientação para a mente, conseguimos relaxar.


É interessante perceber que a mente auxilia no relaxamento do corpo, mas que o corpo relaxado, de certa forma, induz a mente a um estado recíproco de relaxamento. Sendo assim, não devemos nos preocupar em “não pensar em nada”, pois isso, nos privaria do relaxamento devido. Quanto menos controle quisermos ter sobre os pensamentos, ou sobre a mente, melhor, pois vamos sutilizando as frequências cerebrais.

a prática da meditação


Mas, como saberei se não estou pensando em nada? Na verdade, isso não importa. A mente irá produzir pensamentos de maneira compulsória, naturalmente, e a ideia é não se deixar seguir com os mesmos, já que nos levariam para longe de nosso centro. Utilizando-nos de uma respiração profunda e de uma condução mental para o relaxamento do corpo, agora basta deixar as coisas acontecerem. Os pensamentos irão surgir, os veremos, mas os deixaremos passar. Com o tempo, a frequência de pensamentos diminui.


Como não estamos mais preocupados em definir se estamos, ou não, pensando em algo, estaremos livres para viver a experiência real da meditação. Muita coisa sobre nós mesmos nos será revelada e, por isso, é importante estarmos abertos às respostas, que poderão ser marcos cabais para a mudança de nossas vidas.


Finalizando, lembrando do que aquela pessoa me disse em nossa conversa: “eu não consigo parar para meditar”. Eu pergunto para você que está lendo até agora: Por que sentar para meditar? E respondo: Só sente-se! Isso resume tudo!


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