A volta ao hotel - curiosidades
Este presente artigo é continuação do segundo, intitulado Minha Ida ao Egito VIII (clique aqui para conferi-lo).
Após termos visitado a Copta, voltamos ao hotel, atravessando novamente o Cairo, nos dirigindo a Gizé. Chegamos famintos ao hotel, por volta das dezesseis horas, quando nos despedimos dos guias. Já estávamos com a intenção de tomarmos um banho e pedirmos algo para comer, porém, lembramos que poderíamos ir ao Pizza Hut, que ainda encontrava-se aberto.
Para quem não acompanhou os artigos anteriores, nosso hotel estava localizado a cerca de cinco minutos da chamada Necrópole de Gizé, ou da localização das três grandes pirâmides. O restaurante do Pizza Hut encontrava-se logo à frente da mesma e seguia aberto, mesmo após o horário comercial padrão do local.
Tomamos nosso banho e resolvemos conversar brevemente com o dono do hotel, Arm, acerca das experiências do dia, pois ele nos havia perguntado. Neste momento, Sr. Francisco lembra-se de pedir alguma orientação afim de encontrar alguma loja que vendesse uma bateria para o seu modelo de câmera.
A fome, apesar de grande, neste momento ficou em segundo plano, pois começamos a dedicar toda a nossa capacidade auditiva para entender as orientações que nos foram dadas, em termos de trajetos e/ou ruas que poderíamos ir, na tentativa de encontrar o item desejado.
Não é tão difícil entender o sotaque do inglês deles, mas algumas palavras faziam com que todo o sentido da frase se perdesse, quando entendidas da forma errada, ou simplesmente, quando não entendidas. Esse foi o caso da palavra "anaza", que ouvíamos.
Durante a explicação, que pensávamos estar entendendo perfeitamente, surge essa "bendita" palavra que fazia com que descartássemos o contexto entendido anteriormente, para tentar encontrar algum sentido para o emprego desse termo, no mínimo, inesperado! Pensávamos que pudesse ser, desde o nome de alguém, como "Ah-Nah-Za", ou até mesmo "A NASA", mas o sentido real, esse nos era desconhecido!
Entreolhávamo-nos, seu Francisco e eu, na esperança de que o outro pudesse ter entendido o sentido real da frase e sorríamos sutilmente, como se disséssemos: "se você não entendeu, imagine eu!". Parece engraçado... e realmente foi (risos), porém, como gargalhar na frente de um egípcio que está tentando nos ajudar verdadeira e seriamente?
Mas, é claro que nós não iríamos nos conformar com a ignorância do sentido daquela palavra, porém, por mais que forçássemos, não conseguíamos entender. Somente alguns dias depois eu tive uma "revelação dos céus" de que, na verdade, essa palavra seria "another", que significa "um outro/uma outra", porém a pronúncia deles, para nós brasileiros, soa "anaza"! Se for para o Egito, já vá sabendo dessa "anaza" palavra! (Risos).
Saímos em busca da loja, tentando seguir as orientações de Arm. Apesar de termos o conceito de que o deserto, seja sempre quente, a noite, faz muito frio, ainda mais no inverno! Durante o percurso víamos crianças, como aqui no Brasil, jogando seus jogos de futebol em plenas ruas, utilizando seus calçados como representações de traves, para que pudessem fazer gols.
Buscamos alguma loja que pudesse ter à venda a bateria para a câmera de seu Francisco, porém, após visitarmos umas três, desistimos e nos direcionamos ao Pizza Hut, pois a fome se fazia grande.
Como é sabido, estávamos muito próximos à Grande Pirâmide de Quéops. Podíamos vê-la deixando as suas cores enquanto o Sol se punha atrás dela. Era linda a paisagem, a cena daquele momento que permitia com que as estrelas começassem a aparecer, gradualmente, no céu.
Enquanto prestigiávamos aquelas cenas, um dos guardas do complexo de Gizé nos aborda e pergunta, quase que sussurrando: "vocês gostariam de entrar nas pirâmides agora a noite?". Que tentação! Nós nos olhamos, mas, muito mais por precaução e despreparo, recusamos a oferta, porém, posso dizer que a magia daquela região começa a ser sentida justamente naquele período, no cair da noite.
Quando o silêncio é instaurado nas areias do Saara, além das barreiras dos muros e portões que cercam a necrópole, é possível sentir algo inexplicável, como já dito anteriormente.
Pois bem, entramos no restaurante e pedimos a famosa pizza. Nossa visão estava muito privilegiada naquele ponto, pois podíamos ver as três pirâmides de nossa mesa, enquanto comíamos. Percebemos que algumas pessoas subiam por uma escada localizada ao fundo do primeiro andar, então, ao terminarmos a refeição, a subimos.
Acessamos uma espécie de terraço, de onde poderíamos ver as pirâmides de um ponto mais alto. Neste dia, estavam realizando alguma apresentação no perímetro, pois era possível ver alguns holofotes coloridos acesos e direcionados para as faces das pirâmides. Consideramos aquilo um privilégio, porém, com quase dez graus centígrados de temperatura noturna, resolvemos voltar ao hotel.
Quando chegamos lá, começamos a conversar com Arm e Mahmud (provável irmão de Arm). Falamos sobre futebol, que tanto gostam, quando pedi para citar os nomes dos jogadores brasileiros que mais admirava e Arm falou o nome de vários, menos o de Pelé, ao menos eu não o tinha ouvido dizer. Foi então que o perguntei se não admirava Pelé, ou se não citaria o mesmo e ele me respondeu com uma simples frase, que ouvi assim: "Yes! Plé". Aí entendi que ele já havia dito, porém, eu não havia entendido, pois "Plé", para nós, não é a mesma coisa que Pelé, certo? (Risos).
Percebi que eles pronunciam duas letras distintas com o som de alguma letra conhecida para eles, nesse caso, "th", teria som de "z"; já alguns casos, quando não possuem correspondência em sua língua, pronunciam somente uma das letras e a outra sílaba sequente, de forma separada. No caso de Pelé, o "P" é mudo e a palavra seria algo como "P. lé".
Após alguns momentos conversando, Arm se despede de nós e vai dormir. Ficamos ali algum tempo conversando com Mahmud, que nos compartilhou muito de algumas de suas experiências com turistas (homens e mulheres), com os quais já tivera trabalhado e/ou tido algum nível de amizade. Mahmud nos impressionou falando um pouco de português conosco, porém, nos impressionou ainda mais quando nos disse que era fluente em russo! Depois dessa, eu só pude concluir que a facilidade para aprender outras línguas é uma habilidade nativa dos egípcios!
Eu, como gosto de explorar o quanto posso de uma cultura, comecei a perguntá-lo sobre algumas coisas específicas do local, das pessoas, etc. Também, já com algum plano em mente, pedi para que pudesse me auxiliar, ensinando-me algumas palavras em árabe (idioma oficial egípcio). Ele me disse como falar "obrigado (informalmente)", "obrigado (formalmente)", "bom dia", "sim" e "não". Enquanto ele falava, eu gravava o áudio (com sua permissão prévia), para decorar o mais rápido possível.
Após mais alguns minutos, fomos todos dormir, pois no outro dia iríamos, seu Francisco e eu, novamente ao platô para visitarmos as pirâmides com mais tempo e tranquilidade. Ao menos, essa era a intenção....
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A intenção desta sequência de artigos não é fazer uma abordagem considerando os aspectos culturais, técnicos e arqueológicos da egiptologia, mas sim, levar ao leitor uma visão das minhas próprias experiências e observações obtidas em solo egípcio. Pretendo, porém, escrever um artigo mais primoroso no futuro, abordando as visões consolidadas (da ciência; da arqueologia; da egiptologia; do esoterismo e da espiritualidade), sobre o Egito.