O Museu egípcio IiI - A tumba do rei tut
Este presente artigo é continuação do segundo, intitulado Minha Ida ao Egito IV (clique aqui para conferi-lo).
Hoje iremos avançar para a tão aguardada terceira ala: A Tumba de Tutankamon!
Essa tumba é uma das mais enigmáticas e especiais dentro da arqueologia egípcia, tanto pela história de seu detentor, quanto pelas condições de como fora encontrada.
Tutankamon foi faraó durante nove anos, na décima oitava dinastia egípcia, do ano 1336 a.C. a 1327 a.C. Oficialmente, ele era o único filho e herdeiro do sexo masculino de Akhenaton (aquele que louva a Aton), juntamente Nefertiti (a mais bela a chegar), porém, esta última não era sua mãe biológica. Provavelmente, era filho de alguma prima ou irmã de seu pai. Seu nome original era Tutankhaten (imagem viva de Aton).
Akhenaton, pai de Tutankamon, fora conhecido por ser, talvez, o primeiro a instaurar o culto a um único deus, o monoteísmo, já que as culturas antigas tinham como base o politeísmo. O culto a Aton, o Deus Sol, foi um marco na história, um legado, deixado por ele. Alterou a capital do Reino para Amarna, onde seriam realizados os cultos ao novo deus. Seu reinado havia durado entre dezesseis e dezessete anos, terminando com sua morte, calculada entre os seus trinta e trinta e quatro anos de idade.
Foi após a morte de Akhenaton que seu filho, até então chamado Tutankhaten, assume o Reino. Ele ficou conhecido como o faraó mais novo da história do Egito e assumiu este título aos nove anos, ao casar-se com sua meia-irmã Ankhesenpaaton (ela vive para Aton). Tiveram duas filhas, porém ambas morreram em tenra idade, devido a certas complicações estruturais.
O Rei Tut também já possuía muitos problemas estruturais de ordem óssea. Acredita-se que isso se deva aos diversos casamentos realizados entre membros da mesma família, a fim de perpetuar o trono. Tamanhos eram os seus problemas, que ele andava sempre de muleta e possuía nítidas alterações em alguns de seus membros, como em seu pé esquerdo, que havia sido acometido de uma necrose do tecido ósseo.
Como não tinha experiência, ou mesmo sabedoria, consultava um grão-vizir, Ay, que havia servido a diversos faraós, para tomar as decisões mais importantes do Reino.
Sua inocência e ingenuidade o tornava vulnerável nas mãos de Ay, que sempre acabava manipulando o Rei para que tomasse as decisões que ele considerava mais assertivas. Como exemplo disso, temos o seguinte caso: devido ao fato de Akhenaton ter feito alterações profundas no sistema de crenças populares, o povo se encontrava em um estado de revolta e o grão-vizir Ay, convenceu ao jovem Rei a abolir ao novo sistema de culto a Aton, retomando então, o politeísmo e o culto a Amon.
Com o ocorrido, Tebas, voltou a ser a capital do Reino. Foi neste momento que o nome original do faraó, Tutankhaten (imagem viva de Aton), passou a ser Tutankamon (imagem viva de Amon) e o de sua esposa-irmã, passou a ser Ankhesenamon (ela vive para Amon). Mais tarde, Akhenaton foi considerado herege e os nomes de todos os seus familiares foram riscados da lista de faraós.
Após nove anos de sua regência, o Rei Tutankamon, vem a falecer por causas, até então, não confirmadas. Alguns estudos dizem que ele pôde ter sido acometido de malária e, neste caso, seria a constatação mais antiga da doença; em outra pesquisa, foi levantada a hipótese que a causa de sua morte fora devido a uma fratura craniana, já que sua múmia apresenta tal anomalia. Existem outras teorias, como a ligação de sua fratura na perna e na cabeça, com um possível assassinato causado pelo grão-vizir, mas até então, são só teorias.
Apesar da causa de sua morte permanecer desconhecida até os dias de hoje, sua tumba é a mais conhecida e emblemática que já existiu, pois fora encontrada totalmente intacta e com seus tesouros totalmente preservados.
Na tumba do faraó Tutancâmon foram encontrados:
- O sarcófago de 110,4 quilos de ouro puro;
- Uma carruagem de ouro;
- Uma estátua de Anúbis representado como um chacal;
- Duas estátuas de sentinelas de madeira douradas;
- Santuários para diversos deuses;
- Um busto dourado da Vaca Celestial Mehet-Weret;
- Jarros de vinho branco e tinto;
- Réplicas de barcos;
- Objetos pessoais como caixas e cadeiras de ébano;
- Uma faca feita de metal proveniente de um meteorito;
- Dois caixões que continham dois corpos de bebês, identificadas como as filhas de Tutankamon e Ankhesenamon.
A tumba foi encontrada no Vale dos Reis e seu código é KV62 (Kings Valley 62). O descobridor da tumba foi o egiptólogo Howard Carter, patrocinado por Lord Carnarvon, em 4 de Novembro de 1922, nas proximidades da tumba de Ramsés VI. Da descoberta, passando pelo manejo dos objetos, até a retirada total dos mesmos, passaram-se oito anos.
Praticamente tudo o que foi retirado da tumba, foi levado para o museu do Cairo. Haviam vários itens e utensílios na tumba de Tutankamon. Muitos deles eram de ouro puro e, estes, residiam em uma sala anexa ao pavilhão dedicado à tumba. Nesta sala as fotografias e/ou filmagens são proibidas de tal forma, que os seguranças gritam energicamente ao mínimo sinal de que alguém possa estar tentando burlar as regras!
Ao longo deste artigo iremos encontrar algumas imagens de artefatos contidos nesta sala-segura, porém, não serão de minha autoria, e sim, de autoria de terceiros, sob licenças gratuitas para uso.
Mas, falando um pouco mais dessa tumba, em especial, não poderíamos deixar de falar um pouco de sua maldição, que ficou mundialmente conhecida, dando origem a vários filmes nesta mesma temática.
Acredita-se que o Rei Tutankamon tenha lançado uma maldição a qualquer um que "atrapalhasse seu descanso". Essa conclusão se deu por alguns fatos curiosos que ocorreram, paralela ou posteriormente, à abertura da tumba. Em 5 de Abril de 1923, o patrocinador da pesquisa arqueológica, Lord Carnarvon, faleceu repentinamente na capital egípcia e não pôde ter tido a oportunidade de ver a múmia, ou mesmo o sarcófago. É dito que uma falha elétrica aconteceu no mesmo momento de sua morte, no Cairo, ao passo que sua cadela, na Inglaterra, no mesmo horário, teria uivado e caído morta.
Alguns meses depois morrem: um meio-irmão de Lord Carnarvon, sua enfermeira, o médico que lhe fizera radiografia, bem como vários dos visitantes que se atreveram a entrar no túmulo. Um outro fato impressionante foi que o canário de Carter, o descobridor, fora engolido por uma serpente - Como isso?! A serpente é a representação da deusa Apófis, a guardiã dos túmulos do antigo Egito.
Assim como os casos citados, ainda temos o caso de George Jay Gould I, o assassinato de príncipe Ali Kemal Fahmy Bey e do milionário sul-africano Woolf Joel, bem como de Aubrey Herbert, que ficou cego e morreu durante um procedimento cirúrgico. Estes foram alguns dos primeiros visitantes da câmara mortuária do Rei Tut e morreram alguns meses depois de visitarem o local. Existem mais casos, mas vamos prosseguir.
A pergunta que não quer calar: e o descobridor da tumba, de fato, algo acontecera a ele? E a resposta é não. Inacreditavelmente, considerando todo o histórico da suposta "Maldição do Faraó", Howard Carter viveu ainda por mais quinze anos, vindo a falecer de causas naturais.
Saindo um pouco da “maldição”, um fato interessante é que toda a tumba precisa ser terminada, bem como seus objetos, em até setenta dias após a morte do faraó, pois é o tempo que leva para que o mesmo possa ser mumificado e colocado em seu sarcófago para descansar ali, eternamente.
O sarcófago do rei Tut é impressionantemente grande! Como fora dito no artigo anterior, “um sarcófago” não é só “um” sarcófago. O sarcófago que consideramos como tal, é colocado dentro de várias outras camadas e, quanto maior for o nível de nobreza do falecido, mais camadas de sarcófago ele terá.
Hoje aprendemos sobre o garoto-faraó Tutankamon. Em nosso próximo artigo falaremos da seção final de nossa visita ao museu do Cairo e, de quebra, compartilharei algumas curiosidades sobre a Rainha-Faraó, Aliens! (mas, eles existem mesmo?) e o famoso Rio Nilo! (clique aqui para conferi-lo).
A intenção desta sequência de artigos não é fazer uma abordagem considerando os aspectos culturais, técnicos e arqueológicos da egiptologia, mas sim, levar ao leitor uma visão das minhas próprias experiências e observações obtidas em solo egípcio. Pretendo, porém, escrever um artigo mais primoroso no futuro, abordando as visões consolidadas (da ciência; da arqueologia; da egiptologia; do esoterismo e da espiritualidade), sobre o Egito.