O CAIRO - ÓLEOS ESSENCIAIS E PAPIROS
Este presente artigo é continuação do segundo, intitulado Minha Ida ao Egito VI (clique aqui para conferi-lo).
Após a nossa saída do Museu Egípcio do Cairo, estávamos passeando pelas margens do Nilo, porém, resolvemos dar uma passada no Centro do Cairo para almoçarmos.
Em várias das ruas, no horário de pico, percebíamos grandes semelhanças com o trânsito de cidades-grandes brasileiras, mais especificamente, como a de São Paulo. A diferença maior se encontrava no fato de que, mesmo no árduo trânsito de cá, temos guias que definem as faixas de trânsito e as respeitamos (exceto algumas exceções...), porém, do lado de lá, sempre vemos os carros amontoando-se em espaços mínimos, fazendo com que todos eles, naturalmente, carreguem alguma marca e/ou arranhão, em sua lataria.
O trânsito é tão intenso que não conseguimos ver muito da cidade, ou mesmo dos comércios, pois os carros aglomerados em todas as direções, nos impedem de fazê-lo. A buzina é utilizada com frequência, pois as setas, aparentemente opcionais nessas circunstâncias, não servem de nada, já que as delimitações de faixas não são obedecidas. Quem quiser dirigir no Egito, precisará ter uma buzina alta e funcional!
Quando estávamos chegando no Centro do Cairo, percebemos uma grande movimentação de pessoas, camelos e carroças, compondo o trânsito de forma adicional. Como parecia que todos estavam indo almoçar também, acabamos demorando muito para chegar no restaurante.
O tom sépia, natural do lugar, se mesclava com a paisagem urbana e aparentemente caótica, mas para os transeuntes, assim como para os comerciantes, estava tudo como geralmente é. Percebi o quanto não nos damos conta de tantas coisas que fazemos automaticamente e não paramos para observar como elas realmente são, devido a estarmos condicionados e programados de tal forma, que não nos perguntamos os seus porquês!
Após a minha reflexão, os guias nos foram mostrando alguns dos lugares principais aos quais poderíamos nos dirigir após o almoço. Passamos por algumas avenidas e, sinceramente, me lembraram muito as ruas do centro da cidade de São Paulo também. Tinham prédios mais altos e, é claro, com uma arquitetura diferenciada, mas a largura das ruas, as lojas, as pessoas andando e negociando, as propagandas faladas, tudo, era muito parecido.
Gostaria de desculpar-me com o leitor, pois não temos muitas fotos deste momento, já que estávamos dentro do carro, a visibilidade estava comprometida e fomos diretamente para o restaurante.
Chegando ao lá, tivemos acesso ao cardápio e ficamos muito confusos, porque estávamos tentando encontrar alguma opção que gostássemos, mas o idioma árabe não nos ajudava! Era muito difícil encontrar alguma coisa que soubéssemos o que era, somente pela foto. Então, chamamos um garçom e começamos a perguntar sobre os pratos que víamos.
Como eu sou vegetariano, foi muito difícil achar alguma coisa que não contivesse carnes de algum tipo, pois a culinária local utiliza-se de muitos tipos de carnes animais. Convidamos o nosso guia para almoçar conosco e ele, bem como seu motorista, aceitaram o nosso convite.
Após almoçarmos e trocarmos alguns bons papos sobre futebol, que o povo egípcio tanto adora, fomos explorar um pouco mais as ruas do centro do Cairo. Fomos a duas lojas incríveis, mas vou começar pela primeira: a loja dos óleos essenciais!
Ao entrarmos na loja dos óleos essenciais, nosso guia falou com o recepcionista, que parecia ser o dono do local e nos apresentou para ele. Logo percebi que os próprios guias podem ter alguma parceria com os donos das lojas, por indicarem turistas para frequentá-las. O guia ficou nos aguardando do lado de fora, como faria também na próxima loja.
Ao olharmos para dentro, nos surpreendemos com a quantidade de óleos essenciais que existiam ali! Eles tinham praticamente todas as essências dos principais perfumes do mundo! O senhor que nos recepcionou perguntou se gostaríamos que ele falasse conosco em inglês, espanhol, ou francês… escolhemos o espanhol… mas, no fundo, pedimos para que voltasse ao inglês mesmo (risos).
O recepcionista começou a nos perguntar nomes de perfumes que conhecíamos e gostávamos. Nós falamos vários e, de cada um deles, eles traziam um óleo essencial muito semelhante, na verdade até mais forte, do que os perfumes que tínhamos dito. Ele nos explicou que eram mais fortes porque não tinham diluições, eram puramente os óleos ali. Realmente eram odores muito bons!
Eles nos trouxeram algumas essências exclusivas de lá, que experimentamos e gostamos. Dali começamos a ver também alguns óleos que eram usados na parte terapêutica, mais especificamente, um que trazia uma limpeza muito grande nas vias aéreas nasais e pulmonares, com apenas duas gotas em um copo de água fervente. Nossa! Aquilo era incrível! O efeito era imediato e foi muito fácil perceber, sendo que o ar é bem seco naquela região.
Bem, depois de várias amostras, bem como todo o tipo de assunto, começamos a negociar alguns itens. O egípcio, bem como a maioria dos árabes, gostam de negociar: eles conversam, brincam, recebem a todos muito bem; lá, tomamos até uma xícara de café!
Enfim, com o valor original de dois dos itens, conseguimos trazer quatro, após negociarmos. Seu Francisco conseguiu até um perfume para sua esposa e eu, um difusor! Foi um bom negócio. Interessante que dali há poucos meses uma grande pandemia iria atingir todo o globo e eu havia comprado o óleo essencial que trazia benefícios às vias aéreas.
Após essa negociação, fomos à loja dos Papiros!
Ao chegarmos na loja dos Papiros, fomos levados ao seu interior, onde o recepcionista nos perguntou se desejaríamos uma guia que falasse português, o que nos impressionou! Ela realmente falava o português! É claro que ali havia um sotaque árabe e o português era o de Portugal, mas dava para se entender muito bem!
Primeiramente eles nos fizeram uma bela apresentação de como eram feitos - e ainda são! - os papiros que conhecemos. Até ali, eu não sabia que o papiro era um vegetal, uma planta, de nome científico Cyperus Papyrus. Da fibra dessa planta são produzidos os papiros que conhecemos, porém, eles não possuem a espessura de um papel, mas são mais parecidos com tecidos mesmo.
Primeiramente eles descascam o caule do papiro, que possui forma triangular, retiram-lhe as fibras, depois secam-nas, passando sobre elas um rolo de macarrão, pois as fibras não são tão resistentes e precisam passar por esse processo de secagem. Logo em seguida, ironicamente, as mesmas são colocadas em um recipiente com água para que possam perder um pouco do açúcar que se encontra nelas. Quanto mais tempo as fibras permanecem imersas na água, mais escuras vão ficando.
Normalmente, em uma semana, quando querem uma tonalidade mais clara, já retiram as fibras da água, senão, deixam -nas até duas semanas para que escureçam mais. Quando retiradas da água, são unidas, como em uma matriz, cruzando-se as fibras na horizontal e na vertical, até que formem um quadrado, ou retângulo e então faz-se o mesmo com outro grupo de fibras.
Quando os grupos de fibras cruzadas são finalizados, são unidos, uns aos outros, para comporem o papiro final. O açúcar restante entre as fibras é extremamente necessário para que haja aderência entre as fibras. Quando o processo é terminado, o papiro final é colocado entre duas camadas de tecido e prensado, para que possa secar completamente. O resultado é um papel-tecido tão resistente que, mesmo os que foram feitos há milhares de anos atrás, ainda duram até os dias de hoje, conservando as escrituras e os desenhos, mantendo inclusive suas cores originais.
Foi-nos dito que o formato triangular das construções das pirâmides foi baseado no papiro, pois o mesmo é muito resistente e, seu papel, dura milhares de anos, conservando, em si, a história e o conhecimento de épocas pregressas. O papiro tem seu caule triangular, como foi dito, e suas qualidades são as mesmas que os faraós gostariam de possuir, principalmente após a morte, quando seus espíritos fossem para o Pós-Vida.
Enfim, após aprendermos sobre os papiros e como eles são feitos, fomos a várias alas onde vimos diversos tipos e estilos de papiros, incluindo alguns bem especiais, que possuem luminescência no escuro, tendo um conteúdo sob a luz e outro, no escuro! Isso é impressionante!
Após negociarmos alguns papiros, foi dito a nós que poderíamos escolher algo a ser escrito nos mesmos, só que em linguagem hieroglífica! Isso foi bem legal e eles nos forneceram até mesmo um certificado de garantia e de autenticidade de produção.
Já quase na saída, pedi para ir ao banheiro e ali percebi que os egípcios não possuem, realmente, o hábito de lavar as mãos após usarem o banheiro! Era estranho não ver papel, ou uma cesta de lixo nas proximidades da pia! Em cinco minutos que fiquei por ali, vi dois egípcios usarem o toilet e passarem direto pela porta! Enfim, tomem cuidado com os alimentos produzidos por eles e sempre deem preferência, infelizmente, à industrializados, neste caso.
Após isso, voltamos para o hotel e, novamente, gostaria de dizer que não temos fotos desses locais pois éramos proibidos de fotografar, tanto as essências da loja anterior, quanto os papiros dali. Porém, tentarei encontrar algumas de licença gratuita para postar aqui abaixo.
Não deixe de nos acompanhar no próximo artigo, em nossa caminhada pelo Egito!
A intenção desta sequência de artigos não é fazer uma abordagem considerando os aspectos culturais, técnicos e arqueológicos da egiptologia, mas sim, levar ao leitor uma visão das minhas próprias experiências e observações obtidas em solo egípcio. Pretendo, porém, escrever um artigo mais primoroso no futuro, abordando as visões consolidadas (da ciência; da arqueologia; da egiptologia; do esoterismo e da espiritualidade), sobre o Egito.