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MINHA IDA AO EGITO X
ENTRANDO NA GRANDE PIRÂMIDE

Este presente artigo é continuação do segundo, intitulado Minha Ida ao Egito IX (clique aqui para conferi-lo).


Ao acordarmos, o Sr. Francisco e eu fomos tomar café da manhã. Como eu citei no artigo anterior, eu possuía um plano em mente, que iria ser revelado somente mais tarde, quando fôssemos visitar as pirâmides novamente.


Durante alguns momentos, nós conversamos com Arm, que nos perguntou sobre os nossos planos de turismo para aquele dia. Explicamos a ele que tínhamos o plano de voltar às pirâmides, já que havíamos perdido muito tempo da primeira vez, caminhando rumo às chamadas “tumbas recém-descobertas”, como dito anteriormente.


Mais algum tempo se passou e ele me perguntou se eu gostava de meditar. Eu disse que sim, então ele disse algo como “desconfiei que gostasse”. Não sabia exatamente o porquê, mas deduzo que a desconfiança dele se deu pelos diversos assuntos que abordamos em relação à parte mística do Egito, a qual nos fascinava muito.


Pela minha resposta sincera, ele me disse: “Vá até a pirâmide de Quéfren e ‘durma’ (medite) na câmara do Rei por dez minutos. Veja o que acontece e depois me conte…”. O cara conseguiu me despertar ainda mais curiosidade! Agora eu tinha mais um destino a investigar, mais algo a fazer até às dezesseis horas!


Pois bem, terminamos o café e nos dirigimos, andando por alguns minutos, à entrada do platô. Pouco antes de comprarmos nossos ingressos, me virei para o Professor Chiquinho e disse-lhe que, naquele dia, eu iria ser o seu guia! Ele, estranhando o que eu estava dizendo, me perguntou: “como assim, Rafa?”, então, eu disse-lhe que tinha observado como o nosso guia se comportava em nosso passeio pelo museu, bem como na região da Copta Egípcia e que, após aprender algumas palavras em árabe, eu já estaria pronto para atuar como tal. Esse era o  meu plano!

Para quem não sabe, ou não se recorda dos artigos anteriores, enfrentamos muitas dificuldades ao fazermos nosso passeio pelas pirâmides da primeira vez, pois éramos abordados constantemente por vendedores que não nos deixavam caminhar livremente. Mas, o que deixei para explicar, propositalmente agora, é que, durante nosso percurso pelo Museu Egípcio e pela Copta, nenhum dos vendedores nos importunava enquanto estávamos com o guia, pois, quando se aproximavam, ele lhes dizia algumas palavras e, como num passe de mágica, deixavam-nos seguir.


Lembrei ao Sr. Francisco das vezes em que os vendedores chegaram até nós e que, em nenhuma delas, eles permaneceram, pois o guia lhes dizia algumas palavras para que pudessem nos deixar seguir tranquilamente e que essa seria a minha estratégia para conseguir um pouco mais de liberdade ao adentrarmos no platô. Ele me perguntou se eu achava que daria certo e eu respondi que sim, pois eles já me confundiam com um egípcio nativo e se eu utilizasse algumas palavras em árabe que aprendi, o disfarce seria bem convincente, ainda mais me comportando de forma semelhante a do guia, o qual tanto observei.


Concordamos em agir de tal forma para testar a estratégia, compramos os ingressos e entramos. Logo no início, veio o primeiro vendedor para nos abordar e eu, tomando a frente de seu Francisco, olhei para ele e disse algo como “Lá, lá, lá, Shokran”, que seria uma espécie de “não, não, não… Obrigado”. Por mais incrível que pareça, ganhamos uns vinte minutos de liberdade com essa frase, pois o vendedor nos deixou instantaneamente! Era quase uma façanha (risos).


Ao percebermos que essa estratégia dera certo logo de início, começamos a utilizá-la todas as vezes que éramos abordados, porém, após a primeira, nossas abordagens foram bem menores do que no primeiro dia, pois, ao que parece, os vendedores se comunicam sobre quais turistas podem estar acompanhados de seus guias, o que lhes faz ganhar tempo em não investir em turistas não-potenciais.


Enfim, desta vez queríamos entrar na Grande Pirâmide, visitar as outras duas pirâmides e explorar o que pudéssemos sobre aquelas esculturas anciãs da história humana. Uma curiosidade é que no platô não existem somente as três grandes pirâmides, mas existem mais seis pequenas pirâmides, divididas em dois grupos de três, sendo que o primeiro grupo fica anexo à primeira pirâmide, a de Queóps e o segundo grupo, anexo à terceira, de Miquerinos. Elas estão bastante deterioradas, mas ainda podemos percebê-las.


Nos aproximamos da Grande Pirâmide e pagamos o ingresso para adentrá-la. A sensação é um tanto inexplicável, mas posso dizer que é, no mínimo, misteriosa. Ao seguirmos pelo corredor inicial da entrada, observamos os corredores e, para a minha surpresa, não pude ver qualquer indício de hieróglifos! Sim, não havia hieróglifos nas paredes! Isso já era uma grande contradição com tudo o que eu pensava saber.


Enfim, seguimos em frente e, ao vermos que havia um corredor estreito com uma espécie de escada a ser subida, era mais como uma rampa com degraus. Entreolhamos-nos e sorrimos como duas crianças pensando em fazer alguma chamada “arte”!


A fila estava um pouco grande, pois havia muita gente ali para explorar a pirâmide. A questão era que, depois que começássemos a subir, não conseguiríamos mais descer, pois o corredor estreito só permitia a passagem de uma pessoa, ao menos era isso que parecia, até ouvirmos uma mulher gritando: “No quiero! No me gusta, no quiero, tengo miedo! Tengo miedo!”. Essa mulher começou a voltar pela mesma escada em que só passava-se uma única pessoa! Tivemos de nos espremer contra as paredes do corredor para que ela conseguisse sair! Foi, no mínimo, impactante para todos nós que estávamos subindo e não sabíamos muito bem o que encontraríamos lá, porém, nossa aventura não estaria completa se não fizéssemos aquilo! A nossa vontade era maior que o nosso medo, ou desconfiança.


Seguimos e, alguns metros subindo o primeiro lance de escadas, chegamos em um fosso mais largo, onde podíamos ver que as paredes iam se afunilando conforme olhávamos para cima. As paredes culminavam em um ponto que ficava a, no mínimo, cerca de dez metros acima de nossas cabeças. A sensação de ausência de correntes de ar pode causar sensações de claustrofobia, ou agorafobia em algumas pessoas.


Continuamos nossa subida até vermos algumas pessoas que estavam gravando um documentário para alguma emissora de TV. Não pudemos reconhecê-los, mas tivemos de dar-lhes passagem para que pudessem descer sem interromper a gravação. Como era somente uma escada para subir e descer, ficamos ali parados, sendo filmados em posições totalmente contorcidas… que vexame, não?


Ao terminarmos de subir essa sessão, pudemos ver um outro fosso, porém, esse era reto e dava para a famosa Câmara do Rei da pirâmide de Queóps! Os exploradores possuem, em todo o percurso, lâmpadas de emergência instaladas para iluminar o interior da pirâmide.


Em ambos os fossos, no inicial e neste último, eu tinha de me abaixar e passar quase de cócoras, para conseguir seguir. E, então, atravessando o fosso, chegamos nela: a Câmara do Rei! Para mim, estar ali, foi realmente uma sensação ímpar, totalmente impactante, pois ali era o centro de todos os mistérios históricos, místicos, religiosos, tecnológicos, etc. Aquele lugar representava um período histórico remoto, que pode estar além da atual civilização humana.


Enfim, a minha outra surpresa foi ver o quanto aquelas paredes eram brilhantes, como poderiam ter tamanha qualidade no corte daquelas rochas? As rochas dali eram diferentes das rochas dos outros pavimentos e tinham um brilho quase que totalmente espelhado, refletindo as luzes ali colocadas pelos exploradores! Era fantástico! 


Olhamos onde supostamente ficaria o sarcófago do faraó, mas era somente uma espécie de caixa aberta, feita do mesmo material que as paredes. Outra coisa que me chamou bastante a atenção foi que não havia, sequer, algum hieróglifo nas paredes daquela câmara. Isso me fez pensar se, realmente, essa pirâmide - e talvez até mesmo as outras - realmente teriam sido feitas pelos egípcios…

Passamos cerca de uns cinco minutos filmando a Câmara, quando um dos seguranças começou a nos dizer que deveríamos evacuar a pirâmide para que a emissora pudesse terminar suas filmagens. Ficamos bastante chateados com isso, pois pagamos para entrar como todos os outros e não pudemos ficar ali o tempo que gostaríamos. Estávamos em cinco turistas lá dentro, mas, mesmo assim, insistiram para que saíssemos. Enfim, saímos da Grande Pirâmide...


Nós preferimos filmar esse percurso, por isso, não temos fotos consideráveis do interior da pirâmide, porém, vamos postar um vídeo em breve, em nosso canal do YouTube, mostrando todo o trajeto. Se tiver interesse em ver como foi essa aventura e mesmo como será meditar na pirâmide de Quéfren, não deixe de acompanhar nossos próximos conteúdos!

A intenção desta sequência de artigos não é fazer uma abordagem considerando os aspectos culturais, técnicos e arqueológicos da egiptologia, mas sim, levar ao leitor uma visão das minhas próprias experiências e observações obtidas em solo egípcio. Pretendo, porém, escrever um artigo mais primoroso no futuro, abordando as visões consolidadas (da ciência; da arqueologia; da egiptologia; do esoterismo e da espiritualidade), sobre o Egito.

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