ENTRANDO NA PIRÂMIDE DE QUÉFREN
Este presente artigo é continuação do segundo, intitulado Minha Ida ao Egito X (clique aqui para conferi-lo).
Se você acompanhou o nosso trajeto por dentro da Grande Pirâmide, também pôde ver o quanto nos surpreendemos com a mulher que quis voltar por medo e com a equipe de filmagem de um documentário, que nos fez voltar em apenas alguns minutos, para que pudessem prosseguir com a gravação. Ficamos um tanto chateados com isso, porém, resolvemos fazer algo um pouco fora do comum, já que estávamos ali fora, aos pés da Pirâmide de Quéops.
Eu havia levado um aparelho de aferição elétrica/eletrônica comigo, um metrônomo, para ver se, realmente, as pedras da pirâmide tinham algum tipo de voltagem, algum tipo de campo elétrico e/ou magnético. Minha surpresa foi que, ao chavear o metrônomo para a escala de 200mV, eu conseguia captar alguns volts no próprio ar, enquanto nas proximidades da pirâmide! Aquilo estava sendo incrível e pretendia não parar por ali.
Ao me deslocar para cima, subindo em algumas pedras, lembrando que isso é proibido, tinha a intenção de auferir alguma alteração numérica significativa nos marcadores, porém, um guarda pediu para que eu voltasse. Foi então que desci e ele me perguntou o que eu tinha em mãos, eu disse, porém, ele não entendeu, talvez não conhecesse aquele dispositivo e pediu para que eu o guardasse.
Bem, a nossa intenção agora era visitar a pirâmide de Quéfren, que tanto me instigava a curiosidade, principalmente após o que Arm havia me dito no hotel. Porém, nosso ímpeto de chegar à Pirâmide de Quéfren foi refreada por um garoto, que, com seus aparente dez anos, nos chamou para oferecer-se como nosso guia. Eu o recusei da mesma forma que recusei aos outros vendedores, formalmente, em árabe, porém, ele me perguntou de onde o seu Francisco era e eu respondi que ele era brasileiro e que eu seria o seu guia.
Enquanto o garoto ia nos sondando através de várias perguntas incessantes, andávamos em direção à Pirâmide de Quéfren, que parecia estar mais longe do que nunca, principalmente agora, que o garoto estava nos seguindo em direção à mesma, realizando uma série de perguntas. Seu Francisco logo foi ficando um tanto quanto desgostoso da presença inconveniente do garoto, pois ele só estava querendo ganhar algum dinheiro, sabíamos.
O garoto nos acompanhou até a segunda pirâmide e ficou nos perguntando acerca de nossas nacionalidades. Eu disse que era egípcio, porém, que o seu Francisco era brasileiro e que eu seria o seu guia. O menino não acreditou. Presumiu que eu não fosse árabe por conta de só falar algumas palavras em árabe e desconfiou que o seu Francisco seria um judeu, de Israel. Disse-lhe que não, que o seu Francisco era brasileiro mesmo e que eu, também, mas estava ajudando-o. O menino, ainda assim, não acreditou em nós e, a partir daquele momento, passamos a ser uma espécie de obsessão para ele.
Falamos que iríamos entrar na pirâmide e que, infelizmente, não teríamos como pagar para ele ir conosco, então tentamos nos despedir e ele nos disse: “when you came back, I’ll here waiting for (quando vocês voltarem, eu os estarei esperando aqui)”. Eu e seu Francisco nos entreolhamos e nos despedimos do garoto, pegando então a fila para entrarmos na Pirâmide de Quéfren.
Era uma Pirâmide bem mais tranquila e menos movimentada, logo entramos e começamos o percurso à Câmara do Rei, que tanto almejava! Durante a exploração, podemos notar que, assim como a pirâmide de Queóps, a Pirâmide de Quéfren não possuía nenhum hieróglifo em suas paredes, o percurso também era ascendente, porém, parecia ser um pouco mais difícil para se respirar, devido à falta de circulação de ar.
Ao final do trajeto, passando por túneis semelhantes ao da pirâmide anterior, bem como escadas, chegamos à tão esperada Câmara do Rei. Era uma recompensa bastante gratificante, depois de tanto caminharmos e passarmos por tantas coisas. Na parede à nossa frente se encontravam as inscrições: “scoperia da G. Belzoni. 2. mar. 1818”. Essa inscrição foi feita por Giovanni Battista Belzoni, famoso egiptólogo, o primeiro a entrar na Câmara do Rei da Pirâmide de Quéfren.
Após alguns momentos ali, observando e também filmando (em breve no Youtube), percebi um casal entrando ali, mas, ao que parecia, eles eram surdos, pois percebemos que a sua comunicação ocorria através da linguagem de sinais. Neste ponto eu estava muito ansioso por testar a meditação deitado no que seria a “tumba de Quéfren”. Sei poderão me julgar dizendo que o estado de ansiedade não é aconselhado para que uma meditação seja realizada, porém, eu estava dentro da Pirâmide de Quéfren, no Egito, tendo a oportunidade de meditar por alguns momentos ali, naquele lugar histórico! Não tinha como negar isso.
Ao me aproximar da tumba e dizer ao seu Francisco que estava querendo muito testar a meditação deitado na pirâmide de Quéfren, seu Francisco me indagou se eu teria certeza daquilo, até porque o Egito é cercado de mistérios e, é sabido, que muitas pessoas envolvidas com as explorações das tumbas, acabavam sendo acometidas por maldições, ou coisas semelhantes. Por mais que eu soubesse que esses argumentos fossem embasados em alguns fatos, não queria perder aquela oportunidade e me deitei!
Pouco tempo ali e vi duas cabeças surgirem acima da minha… era o casal (não, não eram espíritos ou algo do tipo). Eles estavam dizendo ao seu Francisco que eu estava deitado “de ponta-cabeça” e que o lado certo seria o oposto. Então, me deitei do lado oposto e fiquei tentando relaxar, enquanto três pessoas me olhavam… era um pouco óbvio que eu não conseguiria fazê-lo devidamente.
Algum tempo ali, consegui acalmar a minha mente e relaxar por uns dois minutos. Logo comecei a sentir uma sensação diferente, como se meus sentidos estivessem sendo anulados aos poucos, mas, ao mesmo tempo, sentia-os mais aguçados. Foi então que entoei a palavra OM, em tom de voz baixo, para que pudesse ouvir a minha própria voz e fizesse vibrar o meu corpo inteiro. Para minha surpresa, o som baixo que entoei de OM, parecia sair da tumba e repercutir por toda a Câmara, fazendo-a vibrar uniformemente. Era fantástico!
Como fiquei em estado de vigília para perceber o que estaria acontecendo, não adentrei frequências mentais mais baixas, necessárias para se ter percepções extrassensoriais ideais. Então, levantei-me e agradeci ao casal que nos orientou para a devida posição dentro da tumba.
Após a minha saída dali, seu Francisco também quis entrar na Tumba e então pôde experimentar algumas sensações semelhantes às quais eu também tivera tido. Foram duas experiências fantásticas, de uma única vez. Só então, após isso, resolvemos voltar.
Durante nosso trajeto de retorno pudemos observar que ali havia alguns fossos abertos no teto, outros, no próprio chão, mas que não tinham nenhum tipo de identificação ou mesmo função aparente.
Ao sair da pirâmide, acreditem, o garoto estava ali nos aguardando! Estávamos tão felizes por termos tido aquela experiência em Quéfren, com tempo para registrarmos os detalhes, que mal poderíamos acreditar que teríamos que lidar com aquele garoto que estava nos perseguindo.
Assim que nos viu, começou a dizer que se não lhe déssemos dinheiro, ele iria contar ao guarda que nós estávamos com aquele equipamento proíbido, o multímetro, que ele viu o mesmo pedindo para que guardássemos. Nós o tratamos bem e dissemos que o guarda não apreendeu o objeto, ele só pediu para que nós não utilizássemos, sendo assim, estávamos de acordo com o que ele haveria nos solicitado, não tendo o porquê de termos qualquer temor em relação a isso.
O garoto ficou enfurecido e nos disse que seu pai era o “chefe dos guardas” que trabalhavam no platô e que iria chamá-lo para que pudesse nos prender. Nós tentamos tratá-lo com paciência e com gentileza, porém, tivemos que ser um pouco mais enérgicos dizendo que não lhe daríamos dinheiro, pois ele não haveria feito nada por nós, além de nos ameaçar, em troca de alguns dólares. Dissemos-lhe que ele era só um menino e que poderia ganhar seu dinheiro dignamente, sem precisar ameaçar os turistas. Ele ficou furioso e começou a parar em nossa frente.
Seu Francisco, já bem chateado, foi em outra direção, enquanto esse garoto começou a falar mais alto e se comportar de forma agressiva. Enquanto estávamos, eu e ele, a sós, ele ficou tão furioso e, mesmo que eu tentasse convencê-lo de que não poderia agir daquela forma conosco, pois não tínhamos nada a temer em relação a qualquer coisa, ele não me ouvia e aí, assumiu uma postura histérica. Foi então que o menino se tornou rude o suficiente para me dirigir palavrões e, ao notar que eu não estava fazendo nada contra ele, me desferiu um soco no abdômen.
Eu já era um adulto e ele era somente uma criança. Não doeu tanto no meu físico, quanto doeu no meu emocional. Ele tinha passado de todos os limites! Eu me contive e disse-lhe: onde está seu pai, o “chefe dos guardas?”. Me virei e comecei a caminhar no sentido oposto ao seu e, olhando para o céu, pedi para que “alguém” desse um jeito naquele menino, pois eu não mais poderia conter a minha indignação e, como num passe de mágica, um homem em cima de um camelo, há alguns cem metros de distância, gritou para o garoto, que já estava vindo em minha direção novamente. Ele parou imediatamente e disse-me: “Go away! Go away! (Vá embora! Vá embora!)”.
Agora, sim, já poderia ir atrás de seu Francisco para nos dirigirmos à Pirâmide de Miquerinos, que estava ali, há alguns metros de distância. Nos encontramos e fomos até lá, ali havia alguns vendedores, como de praxe, porém bem menos invasivos: forravam um tecido no chão e deixavam suas peças artesanais à mostra de todos os turistas para que pudessem avaliar e prestigiar o seu trabalho, podendo até mesmo adquirir alguma peça, caso tivessem o interesse.
Não entramos na pirâmide de Miquerinos, pois não tínhamos mais tanto tempo, porém tiramos algumas fotos que vamos deixar aqui para o leitor. Após isso, fomos embora, sob um lindo pôr-do-sol.
Se quiser continuar nos acompanhando nesta aventura, não deixe de ler o nosso próximo artigo! (Clique aqui para lê-lo)
A intenção desta sequência de artigos não é fazer uma abordagem considerando os aspectos culturais, técnicos e arqueológicos da egiptologia, mas sim, levar ao leitor uma visão das minhas próprias experiências e observações obtidas em solo egípcio. Pretendo, porém, escrever um artigo mais primoroso no futuro, abordando as visões consolidadas (da ciência; da arqueologia; da egiptologia; do esoterismo e da espiritualidade), sobre o Egito.