Este presente artigo é continuação do segundo, intitulado Minha Ida ao Egito XI (clique aqui para conferi-lo).
Após voltarmos para o hotel, falamos com o dono sobre a possibilidade de contratarmos um guia novamente. Estávamos curiosos sobre como seriam as outras pirâmides próximas dali, bem como outros santuários, já que aquele seria nosso último dia ali. O dono do hotel nos pediu para esperar, enquanto contatava o guia e verificava a possibilidade de realizarmos algum roteiro turístico que pudesse abranger as nossas expectativas.
Depois de algum tempo, Mohsen, o mesmo guia do roteiro que fizemos pelo Museu Egípcio e pela Copta, respondeu que teríamos a possibilidade de visitarmos Dashur, Memphis e Saqqara. Aquele roteiro não poderia ser melhor! Em Dashur se encontra a pirâmide curvada, ou Pirâmide Torta, em Memphis, o Museu e em Saqqara, a necrópole! Confirmamos o roteiro, agendamos um horário, ficamos ali por mais algum tempo com Arm, dono do Hotel, e depois disso fomos dormir.
Naquela noite passamos muito frio! Apesar de imaginarmos que, no Egito, não pudéssemos enfrentar temperaturas aproximadas a dez graus Celsius, estávamos congelando! Pelo cansaço das aventuras tidas no dia anterior, ainda conseguimos dormir, mas realmente o clima nos surpreendeu grandemente.
Enfim, o dia amanheceu e fomos tomar um café antes que o guia chegasse. Comemos bem, pois sabíamos que o dia iria ser bastante cansativo e demandaria muita energia. Algum tempo depois, o guia chegou e partimos!
Durante o caminho teríamos de percorrer cerca de trinta e dois quilômetros até chegar em Dashur. Todos os destinos que havíamos percorrido, até então, se encontravam dentro do Cairo, porém agora, seria a primeira exceção.
Estávamos observando novos cenários, novas paisagens e casas com arquiteturas bem diferenciadas daquelas que estávamos vendo no Cairo. Eram casas com cores bem intensas e tinham grandes dimensões, assemelhando-se a mansões, ou coisas do tipo. As janelas do carro permaneciam sempre fechadas e nós tentávamos registrar as coisas da melhor forma que podíamos, mesmo estando sob o filtro de luz do insulfilm. É claro que não conseguimos resultados satisfatórios em nossos registros, porém, conseguimos editar uma das fotos que podem ser aproveitadas.
Passamos por várias plantações de tamareiras e isso me fez perceber, in loco, as dimensões das plantações que os egípcios possuem, justamente por serem considerados os maiores exportadores de tâmaras do mundo! Eram, campos e mais campos, de tamareiras, que se assemelham muito a coqueiros, ou palmeiras. Algumas casas possuem plantações em seus próprios quintais.
Vendo aquilo, me lembrei dos códices encontrados em Nag Hammadi por um simples camponês. Eles foram registrados sob a sigla NHC (Nag Hammadi Codices). Sobre esses documentos gnósticos fantásticos, pretendo me aprofundar em um artigo futuro. Mas, voltando à minha lembrança, pude ficar ainda mais pasmado, ao considerar que, dentre tantos hectares de tamareiras, o camponês fora escavar justamente sobre os jarros que continham as tais escrituras… Fiquei sem palavras.
Continuamos nosso percurso rumo a Dashur. Chegando lá, passamos por uma espécie de “alfândega”, ou um tipo mais rígido de “pedágio”, onde um dos guardas pede para que o motorista abra os vidros do carro para que ele possa ver os integrantes. Se tudo estivesse ok, deveríamos pagar uma taxa para prosseguirmos.
Taxa paga, recebemos nosso passe e o guia nos disse que, durante sua conversa com o guarda, o mesmo tivera lhe informado que a pirâmide curva estaria aberta à visitação de seu interior e que fazia somente seis meses de sua inauguração. Ficamos muito felizes com essa notícia, pois era bem provável que fizéssemos, seu Francisco e eu, parte do primeiro grupo de turistas brasileiros a explorá-la! Fantástico!
Avançamos mais e aquela sensação de ver as areias do deserto, gradualmente, transformando-se nas silhuetas das Pirâmides que pareciam emergir das mesmas, nos fascinava. Fomos nos aproximando da Pirâmide Curva e percebendo que, apesar de ser bem menor do que a Pirâmide de Quéops, ainda assim, era majestosa!
Os egiptólogos atribuem a sua construção ao Rei Snefru, que tivera encomendado a seu engenheiro da época, mas que, por um erro de cálculo, o mesmo teve de “entortá-la”, quando alterou a angulação de suas arestas para que se encontrassem na altura planejada. Essa teria sido a primeira tentativa de uma pirâmide de faces lisas, segundo os estudiosos.
Ao chegarmos na Pirâmide Curva, logo avistamos a entrada para os aventureiros de plantão! Estávamos ansiosos por ver como seria essa experiência, pois estaríamos fazendo parte de um pequeno grupo de pessoas que estariam visitando a Pirâmide pela primeira vez, pela perspectiva de seu interior.
Ao subirmos, o guia foi comunicando-nos sobre a história do local, como aquelas Pirâmides haviam sido construídas, etc. Também nos apontou a Pirâmide Vermelha e a Pirâmide Negra, que já se encontra bastante deteriorada e mais parece uma montanha. Não foi-nos dito muito acerca desta última, mas acredito que nem mesmo os arqueólogos tenham tido evidências suficientes para concluir algo mais preciso sobre ela.
Enfim, decidimos entrar na Pirâmide. O local como um todo estava muito vazio e fazia cerca de treze graus! O guia não quis entrar conosco na Pirâmide e, ao olhar para nós, deixou bem claro que seria um percurso bem desgastante e que ele não estaria disposto a tanto.
Nós estávamos ali e não mais haveria a possibilidade de voltarmos, pois o guarda já havia aberto o pequeno portão que dava acesso ao fosso piramidal. Nós resolvemos filmar todo o trajeto para mostrar, com detalhes, para o leitor que tem interesse e, em breve, postaremos o vídeo no Youtube.
Resumindo, o que nos impressionou muito foi o fato de que essa Pirâmide tem a entrada descendente, enquanto as outras duas que entramos, a de Quéops e Quéfren, tinham entradas ascendentes. Nós não víamos o final daquela descida e o fosso deveria ter cerca de oitenta centímetros de largura, por oitenta centímetros de altura, ao menos no início dele, pois, conforme íamos descendo, percebíamos sua estreiteza sendo cada vez maior.
Descemos para além do nível do solo, percorrendo alguns metros do subsolo. Andamos por alguns segundos em linha reta, mas começamos a subir novamente. Subimos alguns degraus e chegamos a uma escada de madeira imensa, vertical. Estávamos sentindo uma leve dificuldade para respirar, pois ali, a circulação do ar era ainda mais rara do que nas outras duas, já que não tinha uma estrutura que facilitasse o mínimo de corrente aérea.
Começamos a subir a escada. Tínhamos a esperança de que a mesma nos levasse diretamente ao topo, já que era tão alta e nem mesmo conseguíamos ver o seu fim! Fomos, em nosso espírito de guerreiros, até o final da mesma e, para a nossa surpresa, ainda não era o fim! Começamos a dar risada, pois teríamos nos iludido, definitivamente! Havia ainda um fosso horizontal, que deveríamos percorrer para chegar, a algum lugar…
Depois de tanto esforço físico, resolvemos tirar algumas peças de roupa, como agasalhos e jaquetas, pois estávamos sentindo muito calor. Seguimos em frente! A cada curva que percebíamos do fosso, que era ainda mais estreito do que o anterior, pensávamos que a “saída” estivesse chegando, porém, novamente, estávamos nos iludindo. As luminárias que estavam pelo caminho nos davam a sensação de que estaríamos chegando ao fim do trajeto, pois sua luz não era direta.
Depois de tanto, chegamos a uma outra sessão de escadas, exaustos, respirando aquele ar denso que residia dentro da pirâmide. Essa sessão era bem menor que a anterior, porém, como estávamos no topo da pirâmide, aproximadamente, há cem metros de altura, o ar era bem quente e tínhamos que nos esforçar um pouco mais que o normal para respirarmos.
Já nos últimos degraus pudemos ver: uma face interna da pirâmide, cheia de morcegos adormecidos! Por onde eles teriam entrado? Seria possível que tivessem percorrido o mesmo caminho que nós percorremos? De qualquer forma, estar ali era incrível! Como poderíamos estar no grupo dos primeiros turistas brasileiros a visitar aquela pirâmide — ou talvez pudéssemos ser os primeiros! — resolvemos deixar nossas iniciais e a sigla de nosso país marcadas na parede, indicando a nossa chegada até ali!
OBS: Nenhuma dessas inscrições são permanentes, pois foram feitas com o giz encontrado próximo ao cinzeiro, que ali se encontrava.
Agora, nós deveríamos voltar, descendo o que subimos e subindo o que descemos… Não foi fácil, não! (risos)
Se gostou dessa nossa aventura em Dashur, continue nos acompanhando no próximo artigo, onde iremos relatar nossa visita ao museu de Memphis, uma das mais prósperas capitais egípcias da antiguidade! (Clique aqui para ler!)
A intenção desta sequência de artigos não é fazer uma abordagem considerando os aspectos culturais, técnicos e arqueológicos da egiptologia, mas sim, levar ao leitor uma visão das minhas próprias experiências e observações obtidas em solo egípcio. Pretendo, porém, escrever um artigo mais primoroso no futuro, abordando as visões consolidadas (da ciência; da arqueologia; da egiptologia; do esoterismo e da espiritualidade), sobre o Egito.