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Opiniões

Todas as vezes em que nos deparamos com alguma discussão, tendemos a levar a mesma para o lado pessoal. Muitas vezes a questão principal acaba sendo sutilmente deixada de lado e o foco passa a ser a busca da razão, a defesa de opiniões, a ofensiva ao outro. Na maioria das vezes, esse tipo de conflito não traz qualquer resolução à questão principal, já que definir quem está com a razão se torna a coisa mais importante. Existe alguma maneira de se estabelecer uma discussão que, efetivamente, venha a ser produtiva e que contribua para a resolução de alguma dúvida, ou problema?

Como agimos


É fato que possuímos nossas próprias visões de mundo, nossas próprias maneiras de enxergar a realidade. É óbvio que cada pessoa será uma variável diferente, no que tange à essas definições da vida.


A forma como somos "educados", ou melhor dizendo, formalizados, pela sociedade, faz com que busquemos sempre a razão, a defesa das opiniões, a aceitação do outro, bem como o reconhecimento alheio, por isso.


É uma tremenda ilusão pensar que, somente por sermos eloquentes, ou por termos uma opinião formada sobre quase tudo, teríamos um maior status, ou reconhecimento, pois, na maioria das vezes, o nosso ego se torna tão inflado e ansioso por ser colocado em evidência, que afastamos boa parte das pessoas, devido a uma certa arrogância disfarçada.

Porque agimos assim


Defender um ponto de vista, ou uma opinião, é um mau-hábito que se prolifera radicalmente entre as pessoas. É bem possível que, durante uma discussão, duas pessoas dotadas de visões semelhantes sobre um determinado tema, ao utilizarem  palavras diferentes em seus argumentos, acabem por não perceber que "falam a mesma língua".


Mas, ainda pior que isso, é o fato de que pessoas que detêm noventa por cento de concordância sobre algum assunto e discordam somente de dez, acabam focando mais nessa diferença do que nos noventa por cento de semelhança!


Através dessas observações fica claro que a questão não é o assunto em si, ou o tema, mas o ego. A necessidade de provar-se superior ao outro. A necessidade de "defender" suas opiniões. Mas, se a nossa opinião fosse tão cabal assim, por que teríamos de defendê-la?


Neste ponto, a questão principal começa a ser deixada em segundo plano, pois, levamos a defesa de nossa visão pessoal a tal ponto, que ela se torna soberana ao que realmente estávamos discutindo inicialmente. Não percebemos que se procuramos ter razão é porque já não a temos, pois se a tivéssemos, não a procuraríamos! Simples, não?

sobre os conflitos


Isso é tão grave que, ausentes condições mínimas de controle emocional, a discussão pode levar a um conflito tão intenso que as agressões verbais acabam surgindo, bem como as físicas. Claro que estamos falando de situações extremas, mas são bem corriqueiras, apesar de tudo.


O ponto é que a questão inicial, o problema, ou o tema principal quase sempre é esquecido sem que os envolvidos notem tal situação, já que estão inteiramente focados em seus argumentos posteriores para "terem a razão".


É ideal que possamos compreender que cada pessoa é livre para ter uma visão de mundo, da própria realidade e que por ter tal liberdade, não deve ser julgada dentro de nossos próprios parâmetros. 


Se vivêssemos dessa maneira, também saberíamos de nossa liberdade para sermos quem somos, sem o receio do julgamento alheio. Assim, nossa sociedade tornar-se-ia muito mais transparente e as pessoas não teriam motivos para "defenderem suas opiniões", ou esconderem-se, com medo de expô-las.


É óbvio que só se conquista a liberdade, através da responsabilidade e, sendo assim, a nossa responsabilidade primária seria o compromisso com a vida e, somente esse compromisso, quando bem entendido, já seria o suficiente para desenvolvermos o amor pelos nossos semelhantes.


como encarar uma opinião


Uma opinião não deve ser enxergada como algo exclusivo, de nossa posse. Da mesma forma que o conhecimento é compartilhado, assim também deveriam ser as opiniões. Se as enxergamos como posse, tememos perdê-las e, por isso, as defendemos.


Ao compartilharmos opiniões, sem o sentimento de posse, contribuímos para que as outras pessoas possam ter mais algum parâmetro sobre aquele ponto que apresentamos e vice-versa. Se as nossas opiniões chegarem a alguma conclusão assertiva, ótimo, senão servirão como referenciais para analisarmos outras variáveis acerca do tema analisado.


O desapego às opiniões deve ser a chave para toda e qualquer discussão, a fim de evitarem-se os conflitos.


A forma como apresentaríamos as opiniões seria alterada naturalmente, a partir do momento em que pudéssemos entender que elas não são "minhas", nem dele, ou dela, mas são visões compartilhadas a fim de contribuir com uma conclusão mais elaborada sobre um determinado tema.


Espero ter contribuído, de alguma forma, para o desenvolvimento deste tema e espero que estejamos, cada vez mais livres, da falsa-responsabilidade de "defendermos opiniões", e/ou mesmo de buscarmos "ter razão".




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