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PERDÃO

INTRODUÇÃO


A maioria de nós já experimentou o sentimento de decepção, mágoa, raiva, ou rancor. Muitas vezes nos dizem para conceder o perdão àquela pessoa em questão, que tanto nos impactou negativamente, mas não conseguimos fazê-lo tão facilmente. A pergunta correta não seria  “por que não conseguimos?”, mas sim, “por que devo fazê-lo?”. A intenção deste artigo é abordar este tema com o maior cuidado possível, tentando abranger algumas das muitas possibilidades que o compreendem.


Quando nos sentimos magoados, irados, tristes, ou chateados com alguém, ficamos relembrando da situação que originou tais sentimentos. O pensamento é tão forte e intenso que acabamos por sentir as mesmas sensações em nossos corpos, independentemente de quanto tempo faça, desde o ocorrido. Esses padrões só nos trazem estresse e vários outros tipos de consequências negativas. Além de todo o ocorrido, ainda insistimos em nos frustrarmos continuamente, ao observarmos a nossa impotência diante de um passado imutável.


Ao cultivarmos tais sentimentos em nosso ser, trazemos uma gama de outros problemas de ordem mental, física, emocional etc. Independentemente de nossos recursos financeiros, ou de nossas oportunidades, se estivermos presos nesses padrões, não conseguiremos focar em outras coisas, pois a nossa energia estará sendo totalmente drenada por nossos pensamentos autodestrutivos. A mente não consegue focar-se no agora, pois está sendo atraída para o passado.


POR QUE PERDOAR?


Até esse momento vimos que as questões interiores falam muito sobre como enxergamos as pessoas, as coisas e o mundo. Vimos como nos mantemos em padrões negativos repetitivos que nos levam a uma série de desequilíbrios mentais, emocionais e físicos, igualmente. Mas, como podemos encarar algumas coisas que nos ocorreram a partir da má-ação de outras pessoas e ainda assim, perdoá-las? Isso é possível?


Precisamos, antes de tudo, entender o porquê das coisas. Não vou dizer que seja possível, ou impossível, mas vou dizer que a lógica do nosso sofrimento parte do princípio daquilo que nós mesmos pensamos, ou cultivamos dentro de nós. Quando algo acontece fora daquilo que esperamos, nos frustramos, ficamos mal, nos sentimos ofendidos, ou algo parecido. É claro que, em muitos casos, nem mesmo temos consciência disso, pois somente reagimos negativamente (a nível mental, emocional, e/ou fisicamente), porém, precisamos realizar uma auto-observação após o ocorrido, para verificarmos se estamos agindo de maneira compulsória, ao cultivarmos as lembranças negativas de um momento pregresso.


Neste sentido, aprofundando um pouco mais o tema, podemos dizer que, geralmente, só nos sentimos profundamente magoados, tristes, ou decepcionados, quando conseguimos estabelecer algum nível de proximidade com outra pessoa. Mas, por que? Porque é a partir deste ponto, que começamos a esperar que essa pessoa possa agir de uma forma, ou de outra. É no momento em que criamos uma imagem dela, que estamos propensos a qualquer tipo de surpresa.


Para ficar mais ilustrado, podemos pensar nas seguintes situações:


1- Durante uma caminhada para casa, Carlos, ouve um grito do outro lado da rua. O grito partiu de um homem qualquer que acabou de agredi-lo verbalmente, mas que, após isso, seguiu o seu caminho. Carlos prossegue seu caminhar normalmente, como se nada tivesse acontecido;


2- Durante uma caminhada para casa, Carlos, ouve um grito do outro lado da rua. O grito partiu de um grande amigo que acabou de agredi-lo verbalmente, mas que, após isso, seguiu o seu caminho. Carlos fica estático, sem saber o que fazer, ou dizer, totalmente em choque, devido ao fato de tais palavras terem sido ditas por seu grande amigo.


Em qual das situações podemos dizer que o impacto negativo perdurará por mais tempo e/ou, até mesmo, para a vida inteira? A segunda opção, obviamente. A imagem do “grande amigo” de Carlos teria sido desfeita naquele momento, o que o deixou completamente desorientado.


Com isso podemos concluir que, quanto maior for a proximidade com alguém, maior também será a chance de construirmos uma imagem dela que corresponda ao que nutrimos por ela e, sendo assim, qualquer ação executada pela pessoa que fuja do padrão de nossa projeção, ou imagem, nos causará algum tipo de abalo.


Entendemos que os nossos próprios julgamentos ou projeções sobre as pessoas é que definem o nosso grau de impacto mediante às ações das mesmas. Com isso concluímos que o nosso sofrimento maior se dá pelo fato de focarmos em nossa decepção recorrentemente, relembrando da situação vivida no passado, comparando-a com a imagem da pessoa que criamos ainda mais remotamente, tentando “recuperar a imagem quebrada” da mesma.


A INFLUÊNCIA DAS EMOÇÕES EM NOSSA SAÚDE


Se prestarmos atenção, podemos perceber a incrível semelhança que a palavra “mágoas”, tem com “más águas”. Não sabemos se a morfologia da palavra tem origem nessa sentença, mas faz sentido. Masaru Emoto, um cientista japonês, criou um experimento muito interessante a partir da observação dos cristais da água, quando expostos a diversos tipos de padrões emocionais. Ele separou diversos recipientes com água, oriundas do mesmo lugar, porém, em cada um dos recipientes ele colou uma palavra, ou frase específica e expôs a todos, publicamente. Várias pessoas passavam por ali diariamente e liam os frascos dispostos. 


Ao final de um período, Masaru recolheu os recipientes e os levou para o seu laboratório. A conclusão foi fantástica: os cristais de água expostos a palavras que causavam emoções positivas continham cristais muito bem consolidados, com formas geométricas muito elaboradas; já os que foram expostos a palavras que causavam emoções negativas, tiveram seus núcleos distorcidos, com partículas dispersas pelas periferias, sem qualquer formato organizado aparente.


É importante que analisemos esse fenômeno utilizando-nos de alguma base racional, científica. À primeira vista, seria impossível que simples papéis colados em um recipiente com água pudessem alterar a estrutura dos cristais microscópicos da mesma e isso realmente seria irracional. Se isso fosse possível, a água deveria ser poliglota para saber em qual idioma as palavras estavam escritas para traduzi-las corretamente! 


O que aconteceu foi que, ao olharem para os recipientes, focando sua atenção nas palavras, as pessoas acabavam emitindo um tipo de vibração emocional que entrava em  ressonância com o significado das palavras que estavam lendo. À medida que cada pessoa passava por ali e lia as palavras nos recipientes, os campos quânticos, delas e das águas,  iam interagindo e fixando os mesmos padrões específicos em cada uma das amostras.


Gregg Braden é um cientista americano e teorizou sobre o coração ser considerado um segundo cérebro, pois comprovou que o mesmo contém uma rede de 40 mil neurônios, 75 trilhões de células sensoriais, capacidade de emanação eletromagnética até 5.000 vezes maior que o cérebro e que possui 6 vezes mais eletricidade. Com esses dados, seria anticientífico negar a possibilidade de influência dos campos emitidos pelo coração na água, vide os efeitos de nossas próprias emoções em nossos corpos!


O planeta Terra é composto por 70% de água, bem como o corpo humano (coincidência?). Se pensarmos que a água pode ter tamanha alteração em sua estrutura, considerando os padrões emocionais aos quais é exposta, é lógico concluir que o nosso corpo também sofreria tais modificações estruturais, devido à presença da água existente nele. Sendo assim, por que continuamos cultivando o rancor, as “más águas” por pessoas e/ou situações que nos machucaram tanto? Ao fazermos isso, estamos desestruturando todo o nosso sistema, causando uma série de problemas para nós mesmos. Um dos maiores deles é que não conseguimos viver no momento presente e aproveitar o que já se encontra à nossa disposição. 


Buda disse: “Guardar raiva é como segurar um carvão em brasa com a intenção de atirá-lo em alguém; é você quem se queima.”


A LIBERTAÇÃO ATRAVÉS DO PERDÃO


Se conseguimos acompanhar e entender as coisas que foram expostas até agora, concluímos que o único prejudicado é aquele que carrega a mágoa, o ódio, a cólera dentro de si. Neste caso, a questão a se analisar se torna a seguinte: se a situação vivida já fora sofrida demais, por que criar um mecanismo para que o sofrimento seja perpetuado? Não há sentido para tal. 


Sendo assim, encontramos um porquê real para perdoarmos e entendemos que não somos nós que perdoamos o outro, mas sim, nos libertamos dele e de quaisquer influências que o mesmo possa ter sobre nós, em termos gerais. Algum tempo depois, também começamos a desenvolver compaixão pelo mesmo, pois percebemos que não temos mais nada contra ele. Passamos a enxergá-lo sem julgamento, com liberdade e humanidade.


O perdão é uma forma de fazer com que os laços cármicos se dissolvam, libertando a ambos de qualquer dívida que possam ter. Talvez por isso o mestre cristão, Jesus, focou tanto na questão do amor e do perdão, pois, o amor liberta, assim como o perdão. Essa liberdade não se refere ao outro, inicialmente, mas a nós mesmos primordialmente e, como consequência, também ao outro, indiretamente. A nossa prisão interior deixa de existir, pois o passado deixa de ter tanta importância, já que percebemos que estamos aqui, agora, com todas as possibilidades para realizarmos algo novo. Como disse Chico Xavier: “Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.


Reconhecemos que nunca estivemos presos, senão, somente por nossas próprias mentes.


Enfim, entendemos que não “devemos” perdoar o outro, mas sim, enxergamos que os maiores prejudicados somos nós mesmos, ao permanecermos cultivando os piores sentimentos, ao lembrarmos, constantemente, do mal que nos fora causado, o que também nos prende ao julgamento alheio. Quando percebemos o porquê de alguma coisa, tudo fica mais fácil, pois ninguém quer se dar ao esforço de realizar alguma tarefa árdua, sem que tenha um motivo válido.



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