Uma vez, um certo monge estava andando pelas montanhas do Tibete, quando notou uma nuvem em formato de Fênix sobrevoando os céus. Seus olhos brilhavam em contemplação ao ver aquela linda imagem.
Ao contemplá-la, começou também a notar a brisa que lhe tocava a pele e balançava seus cabelos. Sorriu, fechou os olhos e sentiu a mais bela e ilustre harmonia que estava experimentando com a natureza.
Em um determinado momento, lembrou-se da Fênix que acabara de vislumbrar no céu e que ela, por ser uma nuvem, poderia estar se desfazendo, caso o vento pudesse tê-la tocado. Imediatamente, abriu os olhos na esperança de poder ainda vislumbrá-la.
Infelizmente, não pôde encontrá-la mais. Já se parecia com alguma outra coisa, mas não mais como uma fênix. Triste, o jovem monge volta ao mosteiro, pensando que aquilo pudesse trazer-lhe algum tipo de mensagem.
Entre várias conclusões, uma delas, é que a sua oportunidade de contemplar todo o processo de transformação da fênix em outra coisa, fora perdida e que, por isso, ele deveria estar cada vez mais atento a tudo o que lhe rodeia.
Passaram-se vários dias, o jovem monge estava pensando em tantas coisas, prestando atenção em tantas coisas e detalhes que não mais tinha uma serenidade suficiente dentro de si, reservada a contemplação.
Os monges superiores notaram a sua tensão e constante preocupação e, então, chamaram-lhe para conversar. Ele, tenso, vai até o monge superior, que lhe convida a entrar em sua sala.
A primeira pergunta que o monge ancião lhe fez foi por que ele estaria agindo com tamanha tensão e preocupação. Foi então que o jovem monge lhe contou sobre sua experiência e, então, o seu monge superior, lhe indaga:
— Mas, pelo que me contou, você pôde ter uma linda experiência, ao sentir a brisa lhe tocar a pele, balançando seus cabelos, certo?
O jovem responde:
— Sim, realmente... Mas, entendi que a fênix fora perdida de minha atenção plena.
Então, o monge, experiente que era, lhe diz:
— Você não sentiu-se totalmente harmonizado com a a natureza ao seu redor? Não percebeu quão grande era a sua percepção neste momento? Não entendeu que sua atenção estava plenamente expandida?
— Sim!
— Então, meu caro jovem... De nada serve a sua atenção plena, quando sua percepção se encontra completamente limitada. O que mais importa é a sua integração com a natureza, interna e externa. Seu entendimento de que tudo é uno.
E continua:
— Será que a própria fênix não seria seu próprio estado de espírito, que pairava pelo céu e que, se desfez, justamente pelo julgamento de sua mente, que interferiu em todo o seu processo de harmonização? Será que a fênix se desfez pelo vento, ou pelos seus próprios pensamentos, assim como o seu estado de espírito pleno?
Com essas palavras o jovem monge sente sua alma liberta de sua mente e pensamentos e, assim, pôde, novamente, atingir aos céus em plenitude...