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O Oásis

Certa vez, caminhando por um deserto, um homem deparou-se com uma imagem longínqua de um oásis. O Sol estava muito quente e o ar estava muito seco, então, era animador saber que, dali há algum tempo, seria possível beber um pouco d'água.


O homem, entusiasmado e motivado, desde que avistou o oásis, não preocupava-se mais com o calor, ou sofria por conta dele, já que saciaria sua sede em breve. Ele caminhava confiante e feliz, sendo grato por aquele precioso tesouro que encontrara.


Sua felicidade era tanta, que ele cantarolava dirigindo-se para o local desejado, sem qualquer preocupação. Sua garganta havia secado, seus pés estavam bem esfolados, porém, ele estava em um estado de espírito tão elevado que parecia não sentir tais sintomas de desgaste.


Conforme ia se aproximando, o homem se animava ainda mais, até que, faltando apenas uns três metros do oásis tão desejado, correu, como num frenesi, em direção a ele. O homem jogou-se nas águas, e frustrou-se, ao constatar que ali não havia nada, além da mesma areia que o acompanhava a tanto tempo.


— Droga! Como não pude perceber que era apenas uma miragem? — autoindagou-se o homem.


Contudo, mesmo sujo com aquela areia, o homem ainda não acreditava que o oásis seria somente uma miragem. Ele ainda permanecia ali, pensativo, sem saber o que teria acontecido.


— Se fosse realmente uma miragem, ela teria se desfeito muito antes de eu chegar até aqui! — disse o homem, ainda inconformado.


Era quatro horas da tarde e, sendo assim, a noite se aproximava. O homem não tinha qualquer abrigo e, após ter passado pela ilusão do oásis, encontrava-se completamente desanimado, tanto, que acreditava que aquela seria sua última noite de vida.


O frio se estabelecia no deserto e o homem estava tremendo, apesar de ter se coberto com a areia. Ele percebeu-se solitário em meio às estrelas da noite escura e ouvia somente o silvo dos ventos que esculpiam os cumes das dunas de areia.


Quando estava quase desistindo de sobreviver, algo inesperado aconteceu: os ventos pararam de soprar e uma voz forte chamou o homem pelo nome. O andarilho arregalou os olhos, assustado, pois estava praticamente soterrado para se defender de qualquer perigo.


A voz, então, lhe disse:


— Você estava com o Sol ardendo sobre sua cabeça e corpo; estava com seus pés inchados e esfolados de tanto caminhar; estava com a boca ressecada e totalmente desidratado; mas ainda assim, encontrou forças dentro de si para cantarolar e até correr em direção ao oásis. Como uma miragem pôde trazer-te tanta força?


O homem, ainda assustado e olhando para os lados, em busca de seu interlocutor invisível, respondeu:


— Eu não sei! Eu só sei que essa miragem era a minha única esperança de sobreviver!


Uma estrela cadente cortou os céus e a voz voltou a dizer:


— Talvez você já tenha encontrado o oásis, mas não conseguiu enxergá-lo. Me diga, o que te fez esquecer de suas dores, enquanto se aproximava do oásis?


— Eu me lembro de não ter medo. Me lembro de estar convicto de que, em breve, aquela dor toda acabaria.


— E por que agora seria diferente? Não percebe que a questão não está no oásis, mas sim, dentro de você? 


O homem fixou seus olhos em uma das estrelas e refletiu sobre as palavras que lhe foram ditas. Então a voz continuou:


— Nunca se esqueça de que a fonte daquela segurança, força e alegria que sentiu, reside em você! A miragem só despertou tais qualidades adormecidas em seu interior. 


Após essas palavras, a voz invisível se foi, o vento voltou a soprar, mas o homem continuou fitando aquela estrela brilhante no céu até adormecer.


No outro dia ele acordou em uma postura muito mais confiante e serena e, ao virar-se, concluiu que já havia encontrado o oásis.




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