Benjamin era um garoto que passava por um período de depressão e sua mãe sempre o via dentro de seu quarto, sem ter qualquer ânimo de fazer algo diferente, ou mesmo de sair de casa.
Em um certo dia, antes mesmo de conversarem, ela resolveu colocar uma música bem envolvente no estilo que Benjamin gostava de ouvir, porém, o garoto não saía de seu quarto e demorava muito para responder a qualquer mensagem que ela mandasse em seu celular.
Naquela noite, seus pais se reuniram e ficaram conversando sobre qual seria o melhor jeito para atuar junto ao menino, sendo que eles não queriam acionar alguém estranho, ou um médico, receosos de que o garoto pudesse sentir-se "invadido".
Certo dia eles viram Benjamin abrindo a janela de seu quarto, em um dia nublado, e ficou observando o céu, serenamente. O pai de Benjamin sentiu que seria um bom momento para falar com ele. Ao bater na porta do quarto do garoto, perguntou se poderia entrar e seu filho respondeu "sim".
Entrando e sentando-se ao lado de Benjamin, seu pai lhe pergunta:
— Essa paisagem nublada é bem calma, não?
Benjamin só balança a cabeça. Sendo assim, seu pai continua:
— Certa vez meu pai, seu avô, me falou que se sentia muito feliz no inverno, sob esse céu nublado. Eu não o entendia, na época.
Então, Benjamin lhe diz:
— Como ele pôde dizer isso a você? Quem gosta desse clima? Tudo nublado, as coisas e as pessoas parecem não ter vida. Tudo é cinza.
— Eu achava que você pensava como o seu avô, parado aqui, observando o tempo, por isso lhe contei.
— Não penso como ele! Estou vendo como as coisas são tristes e infelizes, como estão ausentes de calor e de vida!
Então, seu pai lhe diz:
— Sabe, filho... Como lhe disse, não entendia meu pai, mas agora eu o entendo. Percebe como o céu nublado tem uma beleza diferente? Percebe o quanto as coisas ficam mais iluminadas, praticamente sem sombras?
E continua:
— Eu entendi, depois de muito tempo, que meu pai não reclamava das nuvens do céu, mas agradecia e era grato pela luz que se manifestava em tudo, apesar das nuvens. Ao olharmos somente para as nuvens, esquecemos de notar que só as enxergamos pela luz do Sol que se encontra acima delas.
O menino então olha para seu pai e começa a chorar, dizendo:
— Eu tenho medo, pai. Tantas coisas me assustam...
O pai o abraça e lhe diz:
— As coisas que nos assustam, filho, são como as nuvens e deverão se desfazer com o tempo. São passageiras e não têm a capacidade de reduzir a luz do Sol. Nós precisamos sempre lembrar de que a nossa luz é mais forte e ilumina tudo ao nosso redor.
Neste momento, um pequeno orifício nas nuvens se abre e o pai, lindamente, finaliza:
— Assim como aquele raio de Sol que irrompeu das nuvens, nossa luz interior também se destaca e nos lembra de que todas as dificuldades cedem com o tempo e de que, em nenhum momento, ela estivera apagada. Deixemos brilhar o nosso Sol Interior.