O Museu egípcio Iv - A Rainha-faraó e os aliens
Este presente artigo é continuação do segundo, intitulado Minha Ida ao Egito V (clique aqui para conferi-lo).
Após vermos a ala da Tumba do Faraó Tutankamon, agora seria a vez da ala inferior, dedicada a algumas outras personalidades históricas da cultura egípcia.
A sociedade egípcia possuía um regime patriarcal e, como em todo o regime monárquico, requeria-se algum vínculo sanguíneo com a Família Real, para se possuir cargos de destaque no Império. Naturalmente, o trono era passado de pai para filho, assim que o pai, o atual Faraó, viesse a falecer.
Sabendo-se dessa informação é que iremos conhecer a história de Hatshepsut, a Rainha-Faraó mais famosa da história egípcia, que reinou entre 1478 a.C. e 1458 a.C., sendo considerada o quinto Faraó da décima oitava dinastia do Egito.
Filha de Tutmés I e Ahmose, casou-se com seu meio-irmão Tutmés II, logo após o falecimento de seu pai. Como dito anteriormente, era comum que irmãos e meio-irmãos se casassem a fim de manterem o poder da Família-Real. Foi assim que Tutmés II assumiu o trono, juntamente com sua meia-irmã, a regente Hatshepsut (a dama mais nobre entre as mulheres).
Tutmés II reinou durante cerca de treze anos. No fim de seu reinado, ainda muito jovem, adoeceu e acabou falecendo. Ele teve um filho com uma das mulheres de seu harém, porém, no momento de sua morte, seu único filho, Tutmés III, não poderia assumir, já que era um bebê e nem mesmo sua mãe, pois não tivera preparo para isso. Foi aí que, com o apoio de muitos influentes da época, Hatshepsut assumiu a frente do Império.
Seu reinado foi considerado muito próspero e havia várias estátuas e representações da mesma em forma masculina, incluindo o nemes (o acessório da cabeça, típico dos faraós) e o acessório no queixo para a barba, que era falsa.
Existem várias especulações sobre ela ter sido uma “usurpadora do trono”, já que tivera se aproveitado das aparentes incapacidades da mãe de Tutmés III e da tenra idade deste último, para ascender ao poder. Mas, o que pode desmentir esta afirmação é o fato de que ela nunca renegou o título de Tutmés III, que assumiu depois de sua morte, muito menos o matou, como em alguns casos da história egípcia.
Existem até mesmo algumas imagens e representações da época, em que ambos aparecem um, ao lado do outro, como se fossem irmãos-gêmeos. Porém, como sabemos, muito do que descobrimos hoje é fruto da interpretação dos hieróglifos existentes nas tumbas respectivas e, apesar de todos os esforços de Champollion, quando decifrou os hieróglifos, algumas representações podem não seguir os mesmos padrões, ou mesmo os intérpretes podem encontrar algumas dificuldades para concluir algo sobre o que realmente aconteceu na época.
Em todas as alas, ou salas, percebemos alguns objetos que eram utilizados comumente pelas nobres imagens que ali se encontravam. Também acabávamos tendo a sensação de visitar alguns templos, só por ver seus altos pilares que também compunham o cenário. Alguns faziam-nos a alusão a portais antigos.
Seguindo em frente, nos deparamos com a estátua de Mentuhotep II, que foi um faraó que, aparentemente, tinha algum tipo de deformação em suas pernas, similar ao que chamamos vulgarmente de Elefantíase (Filariose linfática).
A sua contribuição histórica torna-o, praticamente, um divisor de águas no Primeiro Período Egípcio. A sua trajetória marca o final do período conhecido como “Período Intermediário”, pois, durante seu reinado, o Egito foi unificado.
Adentrando um pouco mais, chegamos a um salão impressionante, onde haviam esculturas realmente bem-trabalhadas, construídas com tamanha perfeição. Essa escultura é um exemplo:
Príncipe Rahotep e Princesa Nofret. O Princípe Rahotep era filho do Faraó Sneferu (construtor das pirâmides: curva e vermelha) e aparentava ser muito importante dentro do Império. Em diversas inscrições relacionadas a ele, via-se títulos diversos, tais como: superintendente e sacerdote, de vários nichos.
A sua escultura demonstra como era o físico de um egípcio naquela época e, notem, dentre as diversas representações de pessoas da época, ou mesmo múmias, essa foi a primeira que vi em que o homem possui um bigode.
Nofret, a princesa, significa "conhecida do Rei", porque, provavelmente, não tinha uma linhagem Real. Esse título era dado apenas a damas que tinham permissão de frequentar a corte.
Seus olhos foram feitos com um tipo de cristal específico, com uma técnica muito bem-desenvolvida, porém, misteriosa até os dias atuais. Quando os fitamos, temos a sensação de que são olhos reais, pois brilham igualmente!
Ambos estavam caracterizados com roupas típicas: para os homens, um saiote; já para as mulheres, um vestido longo, com duas alças.
Em seguida, vimos algumas representações do faraó Miquerinos, em sua “tríade de Miquerinos”, o construtor da terceira pirâmide do platô de Gizé, filho de Quéfren.
Nas estátuas o vemos sempre no centro, à frente, com a perna esquerda avançada e, à sua direita, a deusa Hathor, porém, a figura à sua esquerda variava.
Em cada uma das representações, encontramos um tipo de culto diferente, realizado em alguma área do Alto Egito, governada por Miquerinos. Na primeira imagem, vemos a representação de Bat, cultuada na região de Abdos; na segunda, vemos um chacal invertido, representando Cinópolis e, na terceira, uma criança, representando Tebas.
Enfim, para fechar com chave-de-ouro a minha visita ao Museu Egípcio do Cairo, vamos falar de Quéfren, construtor da segunda pirâmide do platô de Gizé, filho de Quéops!
Na cultura egípcia antiga os deuses-guias dos faraós eram esculpidos à frente dos mesmos, pois seus reinados deveriam ter o(a) deus(a) à frente de todas as suas decisões. Mas, notem como essa imagem do Faraó Quéfren é diferente:
Mas, o mais impressionante é que quando damos a volta em sua estátua, percebemos a seguinte cena:
Impressionante! Quéfren buscou transmitir a mensagem de que ele próprio era o responsável por suas decisões, mas que, por trás de todas elas, o deus Rá estaria atuante, protegendo-o e guiando-o durante seu reinado.
Após alguns instantes observando os detalhes da estátua, o guia me disse que ela havia sido esculpida em um único bloco de Diorito, que é um minério tão duro que só pode ter sido esculpido por diamante! Só que, inacreditavelmente, não há diamantes no Egito!
Então, perguntei-lhe, como se explicaria a construção dela e ele, simples e rapidamente me respondeu: “Aliens!”. Eu quase não acreditei que ele tivera dito isso tão facilmente. Era tudo o que eu queria ouvir! (Risos).
Ao sairmos do Museu, nos deparamos com um belo jardim e uma estátua de um grande egiptólogo francês, Auguste Mariette (François Auguste Ferdinand Mariette), que teve a iniciativa de criar mecanismos que evitassem a extradição de artefatos legitimamente egípcios, criando um museu de antiguidades egípcias, que se tornaria, no futuro, o Museu do Cairo.
Após isso, nos dirigimos às margens do Rio Nilo para fazermos uma caminhada e registrarmos algumas fotos. Em uma conversa informal com o guia, ao perguntar-lhe se seria possível nadar no Nilo, o mesmo me responde dizendo que suas águas são muito densas e que são desaconselháveis para a prática do nado amador, porém, que seria possível, sim, o nado.
Disse-me que atletas de alto rendimento utilizam as águas do Nilo como forma de aumentarem sua resistência, devido à dificuldade encontrada.
Lembrando ao leitor que o Rio Nilo é o maior rio do mundo, com cerca de 6.650 km de extensão! Não é de se admirar que seja tão citado em tantas escrituras do mundo meso-oriental e que tenha sido a possibilidade de sobrevivência de tantos povos, em meio a um deserto como o Saara!
Bem, aqui encerramos nossa visita ao Museu Egípcio do Cairo! Mas, espere! Nossa jornada pelo Egito ainda não acabou! No próximo artigo (clique aqui para lê-lo) iremos ter mais algumas surpresas!
A intenção desta sequência de artigos não é fazer uma abordagem considerando os aspectos culturais, técnicos e arqueológicos da egiptologia, mas sim, levar ao leitor uma visão das minhas próprias experiências e observações obtidas em solo egípcio. Pretendo, porém, escrever um artigo mais primoroso no futuro, abordando as visões consolidadas (da ciência; da arqueologia; da egiptologia; do esoterismo e da espiritualidade), sobre o Egito.